Uma semana após a catástrofe com o Airbus A320 da Germanwings nos Alpes franceses, os investigadores puderam ter acesso nesta segunda-feira pela primeira vez por via terrestre ao local do impacto do avião, com o objetivo principal de encontrar a segunda caixa-preta.
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As ladeiras da montanha no qual estão espalhados os pedaços do avião e os restos humanos das 160 vítimas estão agora mais acessíveis, constatou a AFP.
As revelações sobre a personalidade do copiloto de 27 anos, acusado de ter lançado deliberadamente o avião contra a montanha, se sucedem desde quinta-feira. Segundo vários meios de comunicação, o homem sofria transtornos psiquiátricos e problemas de visão e estava preocupado com as consequências para a sua carreira destes problemas.
A justiça alemã, por sua vez, revelou nesta segunda-feira que ele teria recebido tratamento por tendências suicidas no passado.
"O copiloto esteve em tratamento psicoterápico por tendências suicidas há muitos anos, antes de obter sua licença de piloto", declarou o procurador de Düsseldorf (oeste), Ralf Herrenbrück.
Mas, nas últimas consultas médicas, "não foram atestados nenhum comportamento suicida ou agressivo para com os outros", acrescentou.
O jornal alemão Bild publicou no domingo o relato chocante dos últimos instantes do voo, evocando os esforços desesperados do comandante a bordo para tentar entrar na cabine, na qual o copiloto Andreas Lubitz havia se trancado.
Após as revelações sobre as causas da catástrofe, muitas companhias aéreas adotaram a regra da presença obrigatória de duas pessoas na cabine.
Nos Alpes, a busca da segunda caixa-preta do avião (a que contém os dados do voo) "continua sendo o principal objetivo, desde o início, e ainda mais hoje", declarou o capitão de gendarmeria Yves Naffrechoux.
Pela primeira vez, as equipes de investigadores chegaram nesta segunda-feira por terra ao local da catástrofe, já que as condições meteorológicas impediam os helicópteros de voar.
"As equipes chegarão ao local pela pista já existente", um caminho que está sendo ampliado e melhorado e que leva a uma planície. Ali uma niveladora e várias outras máquinas estão terminando a última parte do percurso, até a zona onde o avião caiu.
Caminhada de 45 minutos
Esta pista, que será finalizada em breve, facilitará o acesso e permitirá o transporte de grandes pedaços do avião, segundo o promotor responsável pela investigação, Brice Robin. Até ser finalizada, as equipes caminharão cerca de 45 minutos até o local do impacto do avião, disse Naffrechoux.
Como nos dias anteriores, cerca de 50 pessoas trabalham na retirada de restos humanos, acrescentou. Robin indicou no domingo que os investigadores isolaram "78 DNA diferentes, que serão comparados com as amostras das famílias para permitir a identificação dos restos".
A companhia Germanwings indicou nesta segunda-feira que completou seu dispositivo de recebimento das famílias de vítimas com a criação de um centro de assistência em Marselha (sul da França).
"Até hoje, 325 pessoas viajaram a Seyne-les-Alpes", indicou o diretor de operações da Germanwings, Oliver Wagner, à imprensa em Marselha. "São, em sua maioria, famílias alemãs e espanholas, mas também pessoas procedentes de México, Japão, Colômbia, Venezuela e Argentina", disse.
Noventa pessoas se ocupam de receber as famílias, indicou Wagner. Esta equipe está composta principalmente de funcionários especializados da Lufthansa procedentes de Espanha e Alemanha, assim como 30 colaboradores da empresa londrina Kenyon International Emergency Services, especializada na gestão de crises.
Dez psicólogos também fazem parte da equipe, e um deles acompanha sistematicamente as famílias que se deslocam de ônibus de Marselha ao local do acidente, indicou a companhia Lufthansa, casa matriz da Germanwings.
O A320 da Germanwings caiu no dia 24 de março nos Alpes franceses quando realizava o trajeto entre Barcelona e Dusseldorf. Na catástrofe morreram as 150 pessoas que estavam a bordo, de 20 nacionalidades diferentes, principalmente alemãs e espanholas.