Ataque

Bombardeio mata ao menos 45 civis em ofensiva árabe no Iêmen

O campo atacado encontra-se a menos de 10 km de um quartel-militar

Da AFP
Cadastrado por
Da AFP
Publicado em 30/03/2015 às 14:36
Foto: MOHAMMED HUWAIS / AFP
O campo atacado encontra-se a menos de 10 km de um quartel-militar - FOTO: Foto: MOHAMMED HUWAIS / AFP
Leitura:

Ao menos 45 civis morreram nesta segunda-feira e 65 ficaram feridos em um ataque aéreo que atingiu um campo de deslocados no noroeste do Iêmen, no quinto dia da operação militar árabe contra os rebeldes xiitas apoiados pelo Irã.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) declarou que o ataque ocorreu no acampamento de Al-Mazrak, na província de Hajja.

Várias testemunhas indicaram que as ambulâncias tiveram dificuldades para chegar ao local por culpa dos bombardeios da coalizão.

Segundo fontes da administração local, o campo atacado encontra-se a menos de 10 km de um quartel-militar.

As instalações acolhem desde 2009 iemenitas deslocados pelo conflito entre os milicianos huthis (xiitas) e o governo central.

Nove países árabes liderados pela Arábia Saudita iniciaram na quinta-feira uma série de bombardeios contra os rebeldes xiitas que conquistaram a capital Sanaa e vastos territórios no centro e no oeste do Iêmen.

Depois de receber um apoio firme da Liga Árabe, esta coalizão mantinha nesta segunda-feira uma pressão militar extrema contra os rebeldes xiitas e seus aliados, enquanto os confrontos se estendiam ao sul do país.

 

Bombardeios ao norte de Áden

A Liga Árabe, reunida durante o fim de semana no Egito, insistiu no domingo que a operação militar no Iêmen seguirá até que os milicianos xiitas huthis deponham as armas.

No fim da tarde desta segunda-feira, novos ataques aéreos atingiam o norte de Sanaa, indicou um jornalista à AFP.

Pouco antes, um oficial do exército iemenita declarou à AFP que os bombardeios da coalizão tinham como alvo várias colunas de militares leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, aliado dos huthis, ao norte de Áden (sul).

Estes ataques, que já deixaram 12 mortos, pretendem evitar que os rebeldes avancem ao pequeno aeroporto internacional de Áden, acrescentou o oficial.

Outro oficial do exército declarou, por sua vez, que sete soldados aliados dos huthis faleceram por disparos de forças paramilitares ao tentarem atacar este aeroporto. 

Em Daleh, outra cidade do sul, oito civis morreram em bombardeios que uma autoridade local atribuiu a forças de Saleh.

 

Governo legítimo

A intervenção militar dos países árabes foi realizada a pedido do presidente iemenita Abd Rabo Mansur Hadi, que fugiu à Arábia Saudita ante o avanço dos huthis, que tomaram a capital Sanaa e amplos territórios no centro e no oeste do Iêmen.

"O objetivo final da operação é reinstaurar um governo legítimo e retomar o processo político. Vamos conseguir", comentou um diplomata de um país do Golfo.

Entretanto, vários países seguiam retirando seus cidadãos do Iêmen. Nesta segunda-feira, Pequim anunciou ter retirado do país cerca de 450 chineses ante a deterioração da situação. A Indonésia fez o mesmo com 90 de seus cidadãos.

A ofensiva militar contra os adversários de Hadi coincide com outra na frente diplomática. O filho do ex-presidente Saleh foi demitido de seu posto de embaixador nos Emirados Árabes Unidos a pedido de Abu Dabi, indicaram nesta segunda-feira autoridades diplomáticas.

Saleh, presidente do Iêmen entre 1978 e 2012, é considerado o maior artífice da ascensão dos huthis, embora seu regime tenha realizado seis guerras contra eles.

O ex-chefe de Estado se aliou aos rebeldes após sua marcha forçada do país, há três anos, ante a pressão popular.

Últimas notícias