Eles conversam, discutem e se cruzam o tempo todo durante os seis dias em que se encontram trancados em um magnífico e luxuoso palácio próximo ao Lago Léman, que oferece uma vista de tirar o fôlego das montanhas suíças.
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Seis longos dias e noites de negociações maratônicas, cujos resultados devem ser anunciados nas próximas horas, podendo representar um momento histórico.
O jogo das negociações fazem parte de uma verdadeira peça de teatro, situada entre a tragédia e a comédia, e que é interpretada no Palácio Beau-Rivage, um hotel do século XIX, que já recebeu muitos convidados ilustres, de Victor Hugo a Nelson Mandela, passando por Coco Chanel e Charlie Chaplin.
Reuniões intermináveis, a portas fechadas, encenações teatrais: os ministros e negociadores das grandes potências e do Irã têm desempenhado seu papel neste palco, em uma atmosfera permanente de "montanha russa", nas palavras de um diplomata.
Às vezes, a ação passa às margens do Lago Léman, onde o americano John Kerry pedala para diminuir a tensão, e onde se avistou o chinês Wang Yi fazendo jogging todo de branco, uma imagem impensável em Pequim, onde a vida privada dos líderes é um segredo de Estado.
Também foi possível ver cruzar pelo terraço de um restaurante da pequena marina na parte inferior do hotel o descontraído secretário americano da Energia, Ernest Moniz, com um boné sobre seu abundante cabelo branco.
"Nada de salamaleico"
A atmosfera é surreal, uma vez que os negociadores não se mantiveram ocupados durante esses seis dias apenas com duras negociações e reuniões, dia e noite. É grande o assédio que eles vivem por parte de mais de uma centena de jornalistas desesperados para obter informações sobre o andamento das negociações que podem mudar a face do mundo.
"Vocês não têm uma vida?", gritou John Kerry aos repórteres que estavam a sua espera na segunda à noite na saída de um restaurante do hotel. "Na verdade, vocês têm uma vida melhor do que a nossa", concluiu, sorrindo.
Porque os ministros também são humanos. Dessa forma, o francês Laurent Fabius, muitas vezes sisudo, consegue fazer que seus interlocutores riam, ao se referir ao "ambiente acolhedor, simpático e descontraído" que prevalece no Oriente Médio.
Ernest Moniz deu presentes para os netos recém-nascidos do chefe da Organização iraniana de Energia Atômica, Ali Akbar Salehi, avô pela primeira vez. Os dois homens se conhecem bem: eles estudaram juntos no MIT, em Boston, nos anos 70.
E mesmo entre os negociadores que não se dão bem, os laços acabam se estreitando. Em um ano e meio de negociações amargas, de Genebra a Lausanne via Viena e Nova York, eles aprenderam a se conhecer.
"Uma verdadeira relação de trabalho foi desenvolvida. Não há salamaleques entre os diplomatas; eles dizem as coisas abertamente, e eles também sabem que não estão lá para prejudicar uns aos outros, mas para encontrar uma solução", disse uma fonte próxima às negociações.
Isto não exclui a estratégia e o blefe neste jogo de póquer que dura desde 2013. E as declarações públicas e privadas não têm sempre a mesma tonalidade, de acordo com seu destinatário, doméstico ou externo.
O iraniano Mohammad Javad Zarif sorri o tempo todo. Seja qual for a temperatura das negociações. É um negociador formidável, que conhece a fundo a questão nuclear. Tanto é assim que um diplomata diz "suar frio" quando seu ministro está sozinho cara a cara com o iraniano.
"Esta negociação é um pouco de 'eu te seguro e você me puxa pela barba: um país diz que eu estou pronto para bater no A, desde que você domine o B'", declarou uma fonte, que está confiante quanto ao resultado e a "capacidade de imaginação" dos diplomatas para superar as piores dificuldades.