O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) entrou nesta quarta-feira pela primeira vez em Damasco, reduto do regime sírio, apoderando-se da maior parte do campo de refugiados palestinos de Yarmuk.
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Em um ataque relâmpago, os jihadistas do EI se apoderaram da maior parte do acampamento, em um bairro ao sul da capital síria, explicou à AFP o diretor de assuntos políticos da OLP na Síria, Anwar Abdel Hadi.
O responsável palestino indicou que os combates prosseguiam em certos setores entre jihadistas e grupos armados palestinos. É a primeira vez em que a organização jihadista, que controla desde 2013 grandes territórios do norte do país, invade a capital síria.
Yarmuk, situado a sete quilômetros de Damasco, é o maior acampamento palestino da Síria; antes da guerra contava com 160.000 habitantes, dos quais restam 18.000. Os habitantes sofrem com falta de comida, água e medicamentos devido a um cerco quase total imposto há mais de um ano pelo regime.
Em fevereiro de 2014, os grupos rebeldes se retiraram do acampamento depois de alcançarem um acordo com as organizações palestinas armadas contrárias ao rregime.
Bombardeio do acampamento
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) também confirmou que o grupo extremista controlava uma grande parte do acampamento, depois de travar combates contra um grupo armado palestino hostil ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad.
Os jihadistas chegaram procedentes da localidade rebelde de Hajar al-Aswad, contígua ao acampamento.
Segundo esta ONG, o exército sírio bombardeia com artilharia e com a aviação Yarmuk e também Hajar al Aswad.
O surgimento do EI no conflito sírio complicou a situação: embora o grupo extremista considere o regime de Damasco seu inimigo, também combate os outros grupos rebeldes em sua busca da hegemonia territorial.
Segundo um militante de Yarmuk, o EI lançou a ofensiva após a detenção no acampamento de dois de seus membros suspeitos de estar envolvidos no assassinato de um funcionário do Hamas palestino, um assassinato imputado ao EI.
Segundo esta fonte e o OSDH, o grupo que tenta resistir ao EI em Yarmuk é a falange Aknaf Beit al-Maqdess, próxima ao Hamas.
As intenções do EI ao atacar este acampamento não estavam claras até o momento.
Combates perto da Jordânia
No sul da Síria, onde as forças do presidente Bashar al-Assad batalham contra diferentes grupos rebeldes há mais de quatro anos, os insurgentes tentam tomar o último posto fronteiriço com a Jordânia.
Uma semana depois da tomada por parte dos rebeldes dos setores xiitas de Bosra al-Cham (sul), os insurgentes conseguiram cercar a zona e, "se conseguirem tomar (o posto), terminarão com a presença do regime na fronteira jordaniana", disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.
O exército tentava expulsá-los com barris explosivos e morteiros lançados pela aviação, principal trunfo do regime na guerra contra os insurgentes.
Pelo posto fronteiriço de Nasib, denominado Khaber no lado jordaniano, passam todas as mercadorias produzidas no setor governamental com destino à Jordânia e aos países do Golfo.
Diante deste revés, o exército sírio, ajudado pelo Hezbollah libanês, conquistou as colinas que cercam Zabadani, cidade rebelde 50 km a noroeste de Damasco e fronteiriça com o Líbano.
O OSDH afirma que as tropas de Bashar al-Assad também avançam a oeste de Zabadani, na região de Qalamun. Segundo uma fonte de segurança, o objetivo é fechar todos os pontos de passagem de armas entre Síria e Líbano.