Um grupo de islamitas somalis shebab atacou uma residência universitária no Quênia, em uma operação que deixou 147 estudantes mortos e que levou a uma tomada de reféns que se estendeu por horas, terminando com a morte de quatro sequestradores.
Leia Também
"Há 147 vítimas fatais confirmadas no ataque de Garissa", declarou a universidade em um comunicado, no qual indica que a tomada de reféns e o confronto entre os insurgentes e as forças de ordem terminara.
A operação conduzida pelas forças de segurança quenianas para recuperar o controle da Universidade, invadida na madrugada, está "terminada (e) os quatro terroristas foram mortos", indicou Centro Nacional de Gestão de Desastres (NDOC).
O ataque foi realizado por homens mascarados que lançaram granadas e dispararam contra os estudantes.
O ministro queniano do Interior, Joseph Nkaissery, indicou que "contamos 500 estudantes (vivos), mas perdemos muitas vidas (...)" em Garissa, a 150 km da fronteira com a Somália.
Dezenas de pessoas ficaram feridas no ataque, que desencadeou uma feroz tomada de reféns na residência universitária.
A Casa Branca condenou o ataque: "Os Estados Unidos condenam nos termos mais fortes o ataque terrorista cometido contra homens e mulheres inocentes na universidade de Garissa", no sudeste do país, disse um comunicado do governo.
"Oferecemos nossas mais profundas condolências às famílias e amigos das vítimas deste ataque atroz", escreveu o porta-voz Josh Earnest.
"Estados Unidos estão ajudando o Governo do Quênia e continuará trabalhando com ele e outros (governos) na região para derrotar o grupo terrorista shebab", completou.
O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon condenou nesta quinta-feira o "ataque terrorista" perpetrado por islamitas shebab.
"Ban espera que a situação esteja logo sob controle sem que haja mais danos àqueles que estão detidos (reféns) e pede que os responsáveis pelo ataque sejam rapidamente levados à justiça", afirmou seu porta-voz.
Ban apresentou suas condolências às famílias das vítimas e disse que a ONU está disposta a ajudar o Quênia a "impedir e frear o terrorismo e o extremismo violento".
Os criminosos entraram às 5H30 (23H30 de Brasília de quarta-feira) no campus da Universidade de Garissa, onde estudam centenas de jovens, disparando contra dois guardas na entrada principal.
Uma vez dentro do centro universitário, atiraram de maneira indiscriminada e depois entraram em vários edifícios.
"Acordamos com os sons das balas (...) ninguém sabia o que estava acontecendo, as mulheres gritavam e as pessoas corriam para salvar sua vida", disse Ungama John, um estudante da residência.
A Cruz Vermelha informou sobre 30 feridos internados no hospital, quatro deles em estado crítico, que foram levados de avião a Nairóbi, a 350 km. Segundo ela, a maioria das vítimas havia sido baleada.
Quênia em guerra com a Somália
A universidade localizada em Garissa, uma zona do nordeste do país, se localiza perto da porosa fronteira com a Somália, um país devastado pela guerra.
Um porta-voz dos shebab, Sheikh Ali Mohamud Rage, reivindicou a autoria do ataque em uma conversa com a AFP, alegando que "o Quênia está em guerra com a Somália" por ter realizado uma intervenção militar neste país contra bases islamitas.
O porta-voz shebab explicou que os criminosos, ao chegarem, "soltaram alguns, os muçulmanos, e eles alertaram o governo". "Os outros são mantidos reféns", acrescentou, informando que as vítimas eram cristãs.
As regiões do Quênia situadas na fronteira com a Somália (de 700 km) e, em particular, as áreas de Mandera e Wajir, assim como Garissa, são palcos frequentes de ataques islamitas.
Em 2014, ao menos 200 pessoas morreram e outras tantas ficaram feridas no Quênia em ataques reivindicados pelos shebab ou atribuídos a eles, de acordo com um balanço da AFP.
O ataque de maior impacto reivindicado pelos shebab somalis foi a invasão, em setembro de 2013, do shopping Westgate em Nairóbi, que terminou com 67 mortos.
Também executaram uma série de ataques violentos em localidades da costa queniana em junho e julho de 2014, onde pelo menos 96 pessoas foram executadas a sangue frio.