O democrata Bob Menéndez, um influente senador de origem cubana, crítico das negociações entre Washington e Havana e defensor das sanções contra a Venezuela, foi acusado nesta quarta-feira de corrupção pela justiça americana.
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Menéndez recebeu catorze acusações, oito delas por suborno e uma por dar declarações falsas, apresentadas em uma corte de Nova Jersey (leste), disse Peter Carr, porta-voz do Departamento de Justiça.
O senador é acusado de interceder em favor de Salomon Melgen, um oftalmologista e empresário de Miami (sudeste) em troca de presentes e dinheiro para suas campanhas.
Segundo a acusação, Melgen deu cerca de um milhão de dólares, incluindo presentes, para Menéndez, que recebeu ainda 750 mil dólares para sua campanha de reeleição, em 2012.
Melgen também foi acusado de oito crimes de suborno.
Menéndez disse que provará que "estas acusações são totalmente equivocadas", e reafirmou que está pronto para o embate: "não vou a lugar nenhum, estou com nojo disto e pronto para brigar".
Melgen tem negócios na República Dominicana, segundo meios de comunicação americanos, e Menéndez, que até o ano passado liderou a poderosa Comissão de Relações Exteriores do Senado, interveio a seu favor, mediante requerimentos ao governo americano de seu gabinete no Congresso.
Menéndez admitiu publicamente ter interferido em agências federais a favor de Melgen, mas disse que o fez porque era um homem de negócios americano com dificuldades burocráticas na República Dominicana.
Segundo o senador, os dois foram "amigos verdadeiros por mais de duas décadas".
Menéndez realizou ao menos 20 voos - especialmente no jato particular de Melgen - entre Flórida, Nova Jersey e República Dominicana, onde o senador se hospedava na vila do médico no exclusivo condomínio de La Romana.
Segundo a promotoria, o senador pressionou funcionários federais - entre 2009 e 2012 - para que suspendessem uma atuação contra Melgen para pagar quase 9 milhões de dólares ao Medicare, o programa estatal de saúde voltado para a terceira idade nos Estados Unidos.
Menéndez é um dos mais ferozes críticos da aproximação entre Cuba e Estados Unidos e é coautor de uma lei de sanções contra a Venezuela, assinada pelo presidente Barack Obama em novembro e implementada no começo de março contra sete funcionários venezuelanos.
Um dos principais líderes latinos no Congresso, Menéndez apoiou a falida reforma migratória de Obama, mas é um dos mais duros críticos do presidente em outro tema relevante na política externa: as negociações nucleares com o Irã.