relações internacionais

Rússia pede na ONU pausa nos bombardeios aéreos no Iêmen

O projeto de resolução expressa ''profunda preocupação com a grande e rápida deterioração da situação humanitária no Iêmen''

Da AFP
Cadastrado por
Da AFP
Publicado em 04/04/2015 às 15:12
Leitura:

A Rússia apresentou neste sábado, no Conselho de Segurança da ONU, um projeto de resolução que pede uma pausa humanitária nos bombardeios conduzidos desde 26 de março pela Arábia Saudita e seus aliados contra as milícias xiita huthis no Iêmen.

Diplomatas indicaram na sexta-feira que a Rússia havia convocado uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas em razão do número crescente de vítimas civis nesses ataques que visam conter os avanços dos rebeldes, supostamente apoiados pelo Irã.

O texto de uma página entregue aos membros do Conselho pede o fim dos ataques aéreos para permitir a evacuação de estrangeiros, explicou à AFP uma fonte diplomática do Conselho. Este projeto não define a duração desta trégua, acrescentou.

O projeto de resolução expressa "profunda preocupação com a grande e rápida deterioração da situação humanitária no Iêmen, em particular as terríveis condições nas quais se encontram os civis, incluindo diplomatas e outros estrangeiros."

No entanto, o texto não faz qualquer referência aos apelos precedentes do Conselho exigindo a retirada das forças huthis e o retorno às negociações, de acordo com fontes diplomáticas.

A caminho da reunião, o vice-embaixador russo Vladimir Safronkov declarou que a pausa nos bombardeios garantiria "uma evacuação de pessoas em segurança".

Ele também rejeitou as acusações segundo as quais a Rússia fornece armas aos huthis.

A proposta russa ocorre depois de mais uma iniciativa dos países do Golfo, que tentam convencer Moscou a impor sanções econômicas e um embargo sobre as armas aos huthis.

Mas a Rússia, que se opõe a esta iniciativa, propôs alterar o texto em favor de uma proibição que se aplicaria a todo o país e de sanções mais limitadas.

A situação humanitária se deteriorava neste sábado no Iêmen, palco de combates entre insurgentes e partidários do chefe de Estado.

A campanha militar dos países árabes, lançada em 26 de março e liderada pela Arábia Saudita, freou o avanço dos rebeldes huthis, que querem se apoderar de Áden, grande cidade do sul, depois de terem tomado a capital Sanaa e regiões do norte e do sul do país.

No campo de batalha, os rebeldes enfrentam a resistência de comitês populares, uma força paramilitar que apoia o presidente Abd Rabbo Hadi Mansur, que, ante o avanço huthi, precisou abandonar seu reduto de Áden para se refugiar na Arábia Saudita.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) lançou neste sábado um apelo a uma pausa humanitária de 24 horas no Iêmen para prestar apoio médico à população.

Na quinta-feira, a chefe de operações humanitárias da ONU, Valerie Amos, informou sobre a morte de 519 pessoas e 1.700 feridos em duas semanas de combates no Iêmen.

Na terça-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) indicou que pelo menos 62 crianças foram mortas e 30 ficaram feridas nos combates no Iêmen em uma semana.

O vice-embaixador britânico Peter Wilson explicou pouco antes da reunião do Conselho que o Reino Unido continua a "apoiar os esforços dos sauditas no Iêmen, a pedido de uma solicitação legítima do presidente Hadi."

Embora lamentando as vítimas civis, ele considerou que "a única maneira de sair desta crise é retomar as negociações políticas em pé de igualdade."

Últimas notícias