O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, disse nesta segunda (6) que o governo uruguaio está muito preocupado com a situação na Venezuela, depois das denúncias sobre torturas em prisões e da chancela do governo para a polícia reprimir manifestações no país com armas de fogo.
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Segundo Nin, a Venezuela passa por um período similar pelo qual passou o Uruguai durante a ditadura militar, iniciada em 1973. "Há mais de trinta anos, o Uruguai viveu as mesmas condições que parte dos venezuelanos está vivendo hoje", disse, "tivemos que pedir ajuda ao mundo".
Para Nin, o desrespeito aos direitos humanos é o único motivo que pode invalidar o preceito de não ingerência em assuntos internos de outros países. Ele defendeu uma vistoria das prisões da Venezuela pela organização Cruz Vermelha.
As declarações do chanceler ocorreram após a publicação do relatório da Anistia Internacional "Venezuela, as Faces da Impunidade", sobre as prisões e as mortes ocorridas durante os protestos que tomaram o país em 2014.
FARPAS
Não é a primeira vez que o Uruguai troca farpas com a Venezuela.
Em março, o Ministério das Relações Exteriores do Uruguai convocou o embaixador venezuelano em Montevidéu após declarações indiretas do presidente Nicolás Maduro ao vice uruguaio, Raúl Sendic.
Naquele mês, Sendic dissera a jornalistas que não tinha elementos para concordar com a afirmação de Maduro de que havia interferência externa na Venezuela.
Em resposta, Maduro disse na TV que "um amigo, no sul, um grande amigo, que tem uma boa posição no governo, declarou que não tinha informação sobre interferência dos EUA na Venezuela. Que vergonha essa declaração". E acrescentou que um dia Chávez lhe disse, sobre atitudes similares: "Fique tranquilo, Nicolás, o mundo está cheio de covardes".
Pouco antes de deixar a Presidência do Uruguai, em fevereiro, também José Mujica disse em entrevista ao jornal "El País" que temia um "golpe militar de esquerda" na Venezuela.
"O problema que pode haver na Venezuela é que podemos nos ver diante de um golpe de Estado de militares da esquerda, e com isso a defesa democrática vai para o inferno. Seria um erro gravíssimo se desrespeitassem a Constituição", declarou o então presidente.
ENCONTRO
Os presidentes dos Estados Unidos, Uruguai, Chile e Costa Rica se reunirão durante a sétima Cúpula da Américas, que será realizada no Panamá nos dias 10 e 11 de abril, segundo o vice Raúl Sendic.
A reunião foi marcada a pedido de Barack Obama, disse Sendic, e nela estarão presentes Tabaré Vázquez, Michelle Bachelet e Luis Guillermo Solís. Segundo Sendic, o tema do encontro coincidirá com o da cúpula: "Prosperidade com igualdade".