Os talibãs afegãos publicaram no fim de semana a biografia de seu líder histórico, o mulá Omar, uma iniciativa que segundo os analistas pretende apresentar uma resposta à influência cada vez maior do grupo Estado Islâmico (EI) na região.
Leia Também
Há vários meses, as autoridades afegãs constatam um avanço do EI e, recentemente, vários ex-comandantes talibãs juraram lealdade a esta organização jihadista, que controla vários territórios do Iraque e da Síria, nos quais proclamou um califado.
A biografia em inglês do mulá Omar, publicada no domingo no site oficial dos insurgentes, marca o 19º aniversário de sua designação como líder supremo dos talibãs em 4 de abril de 1996 em uma assembleia em Kandahar, sudoeste do Afeganistão.
O texto afirma que o mulá Omar continua envolvido em "atividades jihadistas", uma forma de silenciar os boatos de que o líder dos talibãs estaria morto.
"Apesar de ser perseguido a todo momento pelo inimigo, não se observou nenhuma mudança ou perturbação em sua rotina de trabalho", destaca a biografia do mulá, objeto de uma recompensa do governo dos Estados Unidos de até 10 milhões de dólares por informações que levem a sua captura. "Segue e supervisiona (...) as atividades contra os cruéis invasores estrangeiros", completa o texto.
A biografia está repleta de anedotas ocorridas e, combate revela que a "arma preferida" do mulá Omar é o RPG-7, um lança-granadas antitanque de fabricação russa. A surpreendente publicação da curta biografia "tem vários aspectos estratégicos", explica à AFP Ahmed Sayedi, um especialista na questão talibã.
"O mais importante deles é fazer frente ao Daesh", acrônimo em árabe da organização Estado Islâmico, a nível local, destaca. "O anúncio busca também mostrar que o mulá Omar está vivo, que está bem e que mantém o controle enquanto líder supremo dos talibãs", afirma Sayedi.