Violência

Cruz Vermelha considera catastrófica situação na segunda maior cidade do Iêmen

Pelo menos 540 pessoas morreram e 1.700 ficaram feridas em combates no Iêmen desde 19 de março, anunciou em Genebra a Organização Mundial da Saúde

Da AFP
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Publicado em 07/04/2015 às 22:08
Foto: MOHAMMED HUWAIS / AFP
Pelo menos 540 pessoas morreram e 1.700 ficaram feridas em combates no Iêmen desde 19 de março, anunciou em Genebra a Organização Mundial da Saúde - FOTO: Foto: MOHAMMED HUWAIS / AFP
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A situação humanitária em Áden, principal cidade do sul do Iêmen, é "catastrófica", alertou a Cruz Vermelha, que confirmou nesta terça-feira a chegada ao país de um primeiro avião com funcionários da área de saúde.

Os combates prosseguem no país, principalmente no sul, entre os rebeldes xiitas, vinculados ao Irã, e as forças leais ao presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, apoiadas pela Arábia Saudita.

"A situação humanitária no Iêmen é crítica com as rotas navais, aéreas e terrestres cortadas", afirmou a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Iêmen, Marie Claire Feghali.

Ela recordou que o país importa 90% dos alimentos.

Em Áden a situação é "no mínimo catastrófica", disse, antes de completar: "A guerra em Áden está em cada rua, em cada esquina. Muitos não podem fugir".

A Cruz Vermelha fez um apelo a uma trégua imediata para poder entregar ajuda e confirmou que na segunda-feira um primeiro avião com ajuda pousou em Sanaa.

O avião aterrissou no aeroporto de Sanaa com médicos a bordo, informou outro porta-voz do CICV, Sitara Jabeen.

A Cruz Vermelha espera que um avião pouse na quarta-feira em Sanaa com 16 toneladas de remédios carregados na Jordânia, explicou à AFP o porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Iêmen, Marie Claire Feghali, e uma segunda carga de 32 toneladas poderia chegar na quinta-feira.

A ajuda é aguardada com impaciência no país, onde "a situação é crítica", segundo a porta-voz da Cruz Vermelha.

Pelo menos 540 pessoas morreram e 1.700 ficaram feridas em combates no Iêmen desde 19 de março, anunciou em Genebra a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O balanço vai até 6 de abril, afirmou o porta-voz Christian Lindmeier.

O porta-voz do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Christophe Boulierac, afirmou que pelo menos 74 crianças faleceram e 44 ficaram feridas desde 26 de março, quando começou a ofensiva da coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita para conter o avanço dos rebeldes xiitas no país.

Mas a organização considera que o número de crianças mortas é muito mais elevado.

O Unicef calcula que um milhão de crianças estão impedidas de frequentar a escola no Iêmen em consequência da violência.

Desde domingo, os combates no Iêmen, especialmente no sul, deixaram 159 mortos, 63 apenas em Áden, segundo um balanço da AFP com base em diversas fontes.

Os xiitas enfrentam os partidários do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, exilado na Arábia Saudita. O Iêmen é cenário de bombardeios diários da aviação da coalizão árabe que apoia Hadi.

Bloqueados em Áden 

Os 800.000 habitantes de Áden estão bloqueados pelos combates e não têm condições sequer de fugir, segundo a Cruz Vermelha.

"Os corpos ficam abandonados nas rua e ninguém se atreve a retirá-los. A situação é ainda pior nos hospitais", lamentou Feghali.

O porta-voz do Unicef, Boulierac, afirmou que as crianças são "vítimas de armas diretamente ou de consequências indiretas deste conflito", já que a violência afeta as infraestruturas de saúde.

"As crianças deveriam receber proteção imediata", declarou Boulierac, que calcula em 100.000 o número de pessoas deslocadas pela guerra no país.

Dois adolescentes morreram e várias pessoas ficaram feridas depois que um foguete caiu em uma escola perto de uma base militar na província de Ibb (sudoeste), indicou uma autoridade local, que não pôde especificar de que bando veio o ataque.

A Arábia Saudita pediu ao Paquistão que entre na coalizão que intervém no Iêmen e, desde a segunda-feira, o Parlamento discute sobre a eventualidade de somar à coalizão árabe.

O Paquistão enfrenta um dilema, pois o país mantém estreitos vínculos com a Arábia Saudita, mas assegura que não quer tomar partido em nenhum conflito que piore as divisões entre sunitas e xiitas.

O conflito também integra a agenda da visita do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ao Irã.

Embora entre as duas potências exista uma forte rivalidade pela influência regional, o líder iraniano, Hassan Rohani, assegurou após uma reunião com Erdogan que os dois países desejam incentivar uma solução pacífica no Iêmen.

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