Violência

Policial branco acusado por assassinato de negro nos Estados Unidos

O policial, Michael Slager, atirou oito vezes nas costas da vítima, que parecia fugir do agente depois de ter sido detida no sábado em uma blitz de rotina

Da AFP
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Publicado em 08/04/2015 às 10:40
Foto: LEON NEAL / AFP
O policial, Michael Slager, atirou oito vezes nas costas da vítima, que parecia fugir do agente depois de ter sido detida no sábado em uma blitz de rotina - FOTO: Foto: LEON NEAL / AFP
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Um policial branco foi detido e acusado de assassinato na terça-feira em North Charleston, Carolina do Sul, depois da divulgação de um vídeo que mostra como ele atirou várias vezes nas costas de um homem negro desarmado, em um momento de grande tensão racial nos Estados Unidos.

O policial, Michael Slager, atirou oito vezes nas costas da vítima, que parecia fugir do agente depois de ter sido detida no sábado em uma blitz de rotina, mostra um vídeo enviado por uma testemunha ao jornal New York Times.

O agente e a vítima, o motorista Walter Scott, de 50 anos, teriam discutido, segundo o jornal local Post and Courier, quando o segundo foi detido porque um dos faróis de seu veículo não funcionava.

Nas imagens é possível observar como, depois de atirar, o agente caminha de maneira calma até o homem, que agoniza no chão, e o algema. 

Slager, de 33 anos, parece recolher do chão um dispositivo que teria caído durante a discussão e o deixa ao lado da vítima, que morreu pouco depois.

O policial, que pode ser condenado a 30 anos de prisão ou até mesmo à pena de morte, foi levado para o centro de detenção do condado de Charleston.

O mandato de prisão afirma que "Thomas Slager (...) matou a vítima ilegalmente e com premeditação".

"Atirou na vítima várias vezes pelas costas depois de uma discussão. Tudo está baseado em provas obtidas com vídeo".

O prefeito da cidade, Keith Summey, afirmou que a detenção do policial foi motivada por sua "decisão ruim".

"Quando você toma uma decisão ruim, pouco importa se você está ali para proteger a população ou se é um simples cidadão na rua. Você tem que viver com esta decisão", disse. 

Antes da divulgação do vídeo, o policial afirmou que Walter Scott o havia agredido e retirado sua pistola elétrica.

- Atingido por cinco tiros -

O vídeo foi enviado ao New York Times pelo advogado da família e foi divulgado por vários meios de comunicação.

Em uma entrevista coletiva na terça-feira à noite, o irmão da vítima perguntou o que teria acontecido sem as imagens. 

"Se não existisse um vídeo, saberíamos a verdade? Mas agora conhecemos a verdade" disse.

Os parentes da vítima chamaram de "herói" a pessoa que filmou a cena da morte de Scott.

O advogado da família, Chris Stewart, afirmou que depois da notícia das acusações contra o policial existe um certo sentimento de libertação.

"O caminho que devemos percorrer para tentar obter justiça começa aqui", declarou.

Procurada pela AFP, a polícia da Carolina do Sul não se pronunciou sobre o caso e afirmou que a investigação segue em curso.

Scott foi atingido por cinco tiros, três nas costas, um na orelha e outro nas nádegas, segundo Stewart, que citou o médico legista.

- Práticas racistas da polícia -

O incidente pode reavivar as tensões raciais nos Estados Unidos, onde nos últimos meses foram registrados muitos casos de cidadãos negros mortos por policiais brancos. 

A morte em agosto de 2014 de um jovem negro desarmado na cidade de Ferguson (Missouri) provocou grandes protestos em todo o país. O policial não foi indiciado, mas o Departamento de Justiça publicou um relatório devastador sobre as práticas da polícia local e de altos funcionários municipais, e alguns citados pediram demissão.

Barack Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos, admitiu em uma entrevista que o incidente de Ferguson não era um caso isolado.

A Casa Branca recomendou mudanças profundas na polícia americana, com o objetivo de melhorar o relacionamento entre as minorias e as forças de segurança.

Recentemente foi criada uma secretaria do Departamento de Justiça para melhorar o relacionamento entre a polícia e a comunidade negra.

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