O Irã retomará no dia 21 de abril a negociação com o grupo 5+1 e está disposto a dar passos irreversíveis sobre o seu programa nuclear se as grandes potências também o fizerem levantando as sanções, anunciou seu chanceler nesta terça-feira (14) em Madri.
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"Meus colegas, com a ajunta de Federica Mogherini (chefe da diplomacia europeia) e outras autoridades políticas do 5+1 se reunirão na próxima terça-feira para começar a redigir" o texto do acordo final, afirmou o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamad Javad Zarif, diante de autoridades espanholas em Madri, onde se encontrava em visita oficial.
Após meses de duras negociações, as seis grandes potências - Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha - alcançaram com o Irã, no dia 2 de abril na cidade suíça de Lausanne, um acordo que impõe como prazo até o fim de junho para a finalização dos detalhes técnicos e jurídicos.
"Este é o contexto de trabalho sob o qual operaremos com o grupo 5+1: passos irreversíveis pela parte iraniana levarão a passos irreversíveis de sua parte. É um enfoque muito equilibrado", disse Zarif em uma coletiva de imprensa conjunta com o chefe da diplomacia espanhola, José Manuel García-Margallo.
"O Irã tomará todas as medidas necessárias em uma primeira fase, todas as medidas, e (...) esperamos que a outra parte também tome todas as medidas" imediatamente, acrescentou, rejeitando categoricamente um levantamento progressivo das sanções contra seu país.
"Se vamos reduzir o número de centrífugas, o faremos na primeira fase; também pedem que mudemos a natureza, quero dizer, que reprojetemos os reatores de Arak em outro tipo de reatores, faremos isso no estágio inicial", disse.
Influência regional do Irã
Segundo o acordo de Lausanne, o Irã reduzirá seu número de centrífugas em dois terços - a 6.104 unidades - e não enriquecerá urânio por ao menos 15 anos em suas instalações subterrâneas de Fordo. Seu reator de água pesada de Arak, que preocupava especialmente os ocidentais, será reconfigurado para que não possa mais produzir plutônio.
"Jamais concebemos as sanções como um objetivo em si mesmo, é um meio" para obter a modificação do programa nuclear iraniano, disse García-Margallo, cujo país, membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, preside o comitê de sanções das Nações Unidas ao Irã.
"Se isso funciona assim, é lógico que será preciso terminar com o regime de sanções imediatamente", acrescentou.
A visita a Madri é a primeira de Javad Zarif a um país ocidental desde o acordo do início de abril entre seu país e as grandes potências, determinadas a fazer Teerã reduzir seu programa nuclear para impedir que reúna o material necessário para fabricar uma bomba atômica.
O chanceler iraniano ressaltou que, "com base no acordo geral alcançado, todas as sanções serão levantadas por parte da União Europeia e das Nações Unidas".
E advertiu Washington: "devem terminar de aplicar estas sanções, é sua obrigação legal", afirmou. "Consideramos o governo dos Estados Unidos responsável" e, se for difícil obter a aprovação de seu Congresso, "é problema seu", acrescentou.
García-Margallo ressaltou a importância de uma "normalização de relações, o encerramento da questão do contencioso nuclear", que "permita que o Irã forme parte do conjunto de países que estão tentando resolver" questões como a ascensão do jihadismo em Síria, Iraque ou Iêmen.
"Em todos estes países a influência do Irã é uma influência importante", afirmou.
"Espero que quando o contencioso nuclear se encerrar definitivamente todos juntos possamos explorar soluções para conflitos que afetam a todos e que ameaçam a estabilidade e a paz não apenas da região, mas de todo o mundo", ressaltou.