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Arábia Saudita arcará com custos humanitários do conflito no Iêmen

Pelo menos 27 pessoas morreram na madrugada deste sábado (18) em Taez (sudoeste), terceira maior cidade do país

Da AFP
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Publicado em 18/04/2015 às 11:05
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A Arábia Saudita se comprometeu neste sábado (18) a arcar com o custo das operações humanitárias urgentes das Nações Unidas no Iêmen, onde a coalizão árabe realiza ataques aéreos contra a rebelião xiita.

Pelo menos 27 pessoas morreram na madrugada deste sábado em Taez (sudoeste), terceira maior cidade do país, em confrontos entre as forças leais ao governo e rebeldes xiitas huthis, apoiados pelo Irã, assim como pelos ataques aéreos da coalizão liderada pelos sauditas - informaram fontes médicas.

A luta foi concentrada no sul, onde os rebeldes xiitas huthis, junto a soldados leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, tentam tomar o controle de todo o país depois que tomaram a capital, Sanaa, e grandes áreas.

Antes de seu avanço em direção ao sul, o presidente, Abd Rabo Mansour Hadi, fugiu de seu refúgio em Áden para o exílio na Arábia Saudita, que em 26 de março lançou uma operação militar à frente de uma coalizão árabe contra os rebeldes e seus aliados.

Neste contexto, a ONU e seus parceiros humanitários pediram na sexta-feira uma ajuda urgente de cerca de 274 milhões de dólares para atender às necessidades vitais das 7,5 milhões de pessoas afetadas pelo conflito.

A resposta veio rapidamente de Riade, onde o rei Salman bin Abdul Aziz anunciou que ele seria o responsável por todo o montante reclamado pela ONU.

O reino "está ao lado do povo irmão iemenita" e espera "a restauração da segurança e da estabilidade" no país, informou o gabinete real em comunicado.

A Arábia Saudita reafirmou sua intenção de continuar a operação militar, apesar dos apelos do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, para "um cessar-fogo imediato". 

"Precisamos de paciência e perseverança. Nós não temos pressa", repetiu na sexta-feira um porta-voz da coalizão, o general saudita Ahmed Asiri, durante coletiva de imprensa diária em Riade.

 

- ONU "ao lado do carrasco, contra a vítima" -

De acordo com a agência oficial Spa, o rei Salman falou por telefone na sexta-feira sobre a situação regional com o presidente Barack Obama.

Pedidos recentes de ONGs para uma "pausa humanitária" ficaram sem nenhuma resposta enquanto os civis no Iêmen, um país de cerca de 24 milhões de habitantes, pagam um preço alto pelo conflito.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os confrontos recentes deixaram 767 mortos e 2.906 feridos. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) lamentou, entretanto, a cruel falta de medicamentos, alimentos e combustível no Iêmen.

Entre 120.000 e 150.000 pessoas foram deslocadas dentro do Iêmen por este conflito, além das mais de 300.000 pessoas deslocadas antes da crise atual, disse um porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), Adrian Edwards.

A rebelião xiita criticou o Conselho de Segurança das Nações Unidas pela resolução de 14 de abril, que obriga a retirada de áreas conquistadas do Iêmen e impõe sanções, incluindo um embargo de armas.

O Conselho de Segurança se "alinhou ao lado do carrasco, contra a vítima", escreveu o conselho político da rebelião em um comunicado divulgado na sexta à noite.

O líder da rebelião, Abdel Malek al-Houthi, não tem se manifestado em público desde os primeiros dias da intervenção militar da coalizão.

O Irã, que apoia os rebeldes huthis, apresentou em uma mensagem a Ban Ki-moon um plano de paz em quatro pontos, prevendo um cessar-fogo, a implementação de um "diálogo nacional" e um "governo de unidade nacional".

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