TRAGÉDIA

Naufrágio no Mediterrâneo deixa 700 desaparecidos

Barco repleto de emigrantes afundou na costa da Líbia. Europa fará reunião para tratar do assunto

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Publicado em 19/04/2015 às 19:18
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Barco repleto de emigrantes afundou na costa da Líbia. Europa fará reunião para tratar do assunto - FOTO: AFP
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O naufrágio de um barco de emigrantes ao largo da costa da Líbia deixou cerca de 700 desaparecidos neste domingo, em um acidente que surge como "a pior tragédia" ocorrida no Mediterrâneo, segundo o Alto
Comissariado das  Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

Os últimos números oficiais do naufrágio apontam 24 mortos e 28 sobreviventes, segundo a Guarda Costeira italiana, que coordena as operações de resgate.   O navio afundou a cerca de 110 km da costa líbia levando mais de 700 pessoas a bordo, segundo 28 sobreviventes resgatados por um navio mercante, disse Carlotta Sami, porta-voz do Acnur na Itália, à rede de televisão italiana Rainews24.

Se estes números forem confirmados, será "a pior tragédia jamais vista no Mediterrâneo", afirmou a porta-voz.    Equipes de resgate italianas não confirmaram que havia 700 pessoas a bordo, mas indicaram que a embarcação, de 20 metros de comprimento, tinha "capacidade para transportar várias centenas de pessoas".
    
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, anunciou que planeja um encontro extraordinário para analisar a
imigração clandestina.  "Falei com o primeiro-ministro (de Malta, Joseph) Muscat após estas mortes trágicas no Mediterrâneo. Vou prosseguir com as discussões com os líderes europeus, a Comissão e os serviços diplomáticos da UE sobre como enfrentar esta situação", disse Tusk  no Twitter.

Segundo Preben Aamann, porta-voz de Tusk, o presidente do Conselho Europeu "tomará uma decisão sobre um encontro extraordinário após tais consultas".  O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse que a resposta para esta situação "tem que vir da Europa" e que "já não vale a pena as palavras, temos de agir". "Os europeus serão descreditados se não forem capazes de evitar tais situações  dramáticas", disse Rajoy, durante um comício eleitoral em Alicante.

O chefe do governo italiano, Matteo Renzi, pediu uma cúpula europeia urgente após o naufrágio.  "Estamos trabalhando para nos assegurarmos de que essa reunião aconteça no final da próxima semana. Deve ser uma
prioridade", afirmou Renzi durante coletiva de imprensa, qualificando a crise migratória de "flagelo" que a Europa de enfrentar.

A chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, decidiu incluir o tema na agenda da reunião informal de ministros das Relações Exteriores da cúpula da UE desta segunda-feira em Luxemburgo. O alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, disse que "este desastre confirma a urgência de
restaurar uma operação de salvamento no mar e estabelecer vias legais críveis para chegar à Europa". "Caso contrário, as pessoas  que procuram segurança continuarão a morrer no mar", acrescentou.

Esta nova tragédia no Mediterrâneo se soma a dois outros naufrágios na semana passada, um dos quais deixou 400 mortos e outro mais de 40, segundo relatos de sobreviventes à Organização Internacional para as Migrações (OIM) e organizações  não-governamentais. 

 O navio lançou um aviso no domingo de manhã capturado pela guarda costeira italiana, que alertou um navio cargueiro português que estava na área.  Quando o cargueiro chegou, cerca de 220 km ao sul da ilha italiana de Lampedusa, a tripulação avistou o barco naufragando.  "Mas as pessoas do navio em perigo correram todas para o mesmo lado, o que pode ter causado o desastre",  disse a porta-voz do Acnur.

As autoridades italianas coordenaram uma grande dispositivo de resgate de 17 navios das marinhas da Itália e de Malta principalmente, relatou a guarda costeira italiana e um porta-voz da marinha de Malta entrevistado pela AFP, explicando que o alarme  foi dado em torno da meia-noite local (19h de Brasília).    Diariamente, a guarda costeira italiana ou navios mercantes resgatam uma média de entre 500 e 1.000 pessoas. Mais de 11.000 foram resgatados em uma única semana, de acordo com a Guarda Costeira.
   

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