África

Rei zulu desmente ter ordenado ataques contra estrangeiros na África do Sul

Os ataques já deixaram ao menos sete mortos e forçaram milhares de pessoas a abandonar suas casas

Da AFP
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Publicado em 20/04/2015 às 12:55
Foto: STEFAN HEUNIS / AFP
Os ataques já deixaram ao menos sete mortos e forçaram milhares de pessoas a abandonar suas casas - FOTO: Foto: STEFAN HEUNIS / AFP
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O rei dos zulus, Goodwill Zwelithini, negou nesta segunda-feira qualquer responsabilidade na onda de ataques xenófobos das últimas semanas na África do Sul, que deixaram ao menos sete mortos e forçaram milhares de pessoas a abandonar suas casas.

"Esta violência dirigida contra nossos irmãos e irmãs é vergonhosa", declarou em um encontro tribal de zulus em Durban. 

"Estou seguro de que as pessoas que ouviram meu discurso entendem bem o zulu e não precisam de intérprete", enfatizou.

Há um mês, Zwelithini, a máxima autoridade da província de KwaZulu-Natal, onde fica situado Durban, pediu aos estrangeiros que "fizessem suas malas e abandonassem a África do Sul".

Isso foi interpretado como uma ordem para expulsar estrangeiros que, teoricamente, tirariam o trabalho dos sul-africanos.

Nas últimas três semanas, os ataques contra os imigrantes, que tiveram início em Durban, província natal do presidente Jacob Zuma, deixaram sete mortos, segundo uma associação, e 5.000 deslocados.

A polícia sul-africana enviou reforços no sábado à área urbana de Johannesburgo após mais uma noite de violência xenófoba perpetrada por pequenos grupos.

Os estrangeiros do continente que trabalham na África do Sul estão em alerta máximo, enquanto cresce a pressão diplomática para evitar o banho de sangue de 2008, quando foram registradas 62 mortes em distúrbios similares.

Estes motins xenófobos contra imigrantes forçou Zuma a cancelar uma viagem planejada para a Indonésia.

A organização Fórum Africano Diaspora (ADF) solicitou ao governo sul-africano a proteção aos estrangeiros africanos que vivem em Johannesburgo e Pretória. Pediu também que o exército seja enviado para a 'township' de Alexandra, onde vivem 400.000 pessoas distribuídas em 7,6 quilômetros quadrados, muitas delas em casas de lata de apenas um cômodo. 

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) disse nesta sexta-feira estar muito preocupado com a situação na África do Sul. Na região, vários países de onde são originários os imigrantes se preparando para repatriar seus cidadãos.

Desde os tumultos de 2008 esse tipo de violência é recorrente na África do Sul, gigante econômico do continente que recebe dois milhões de imigrantes africanos, segundo os dados oficiais - além de muitos imigrantes indocumentados.

Isso reflete as frustrações da maioria negra do país,  que ainda sofre economicamente, e do reaparecimento de uma cultura violenta agravada sob o apartheid.

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