O embaixador homossexual escolhido pela França para representar o país perante o Vaticano foi recebido neste sábado (18) pelo Papa em pessoa, que confirmou sua recusa em aceitar sua candidatura, segundo matéria que será publicada esta quarta-feira (22) no semanário satírico francês Canard Enchaîné.
Uma fonte próxima do processo confirmou à AFP o encontro entre o Papa e o diplomata Laurent Stefanini, sem revelar o conteúdo.
De acordo com a revista, que tinha anunciado a oposição da Santa Sé à indicação de Laurent Stefanini ao cargo de embaixador francês no Vaticano, o papa Francisco recebeu no sábado, "muito discretamente", o diplomata, homossexual assumido e católico convicto.
O papa disse "não ter nada contra ele, mas que, em compensação, não apreciou nem 'o casamento para todos', nem os métodos do Eliseu, que tentou forçar uma situação", prosseguiu a Canard.
"O processo continua", reagiu nesta terça-feira o Palácio do Eliseu, sede do Executivo francês, onde "esperamos claramente que a resposta seja positiva e rápida".
"Laurent Stefanini é o único candidato nomeado pelo presidente da República e o Conselho de Ministros", reforçou a Presidência francesa.
Em 15 de abril, o porta-voz do governo francês Stéphane Le Foll tinha indicado que Laurent Stefanini seria mantido "a indicação da França".
Paris e o Vaticano travam há três meses uma queda de braço motivada pela escolha do novo embaixador da França na Santa Sé. Nomeado no começo de janeiro pelo presidente francês, François Hollande, Laurent Stefanini aguarda, em vão, sua acreditação pela Santa Sé, um silêncio que equivale a uma reprovação.
Laurent Stefanini, de 55 anos, conhece bem o Vaticano por já ter trabalhando como ministro conselheiro na embaixada francesa na Santa Sé entre 2001 e 2005. Depois, o diplomata foi conselheiro do ministro francês das Relações Exteriores para assuntos religiosos, antes de se tornar chefe do protocolo do Eliseu em 2010, durante a Presidência de direita de Nicolas Sarkozy, depois de seu sucessor, o socialista François Hollande.
Embora seja um católico fervoroso, ele não esconde sua homossexualidade, mesmo levando uma vida discreta e não tendo se casado, nem mesmo celebrado uma união civil.
Vários meios de comunicação anteciparam que a origem do veto seria o papa Francisco, que estaria cobrando a conta ao governo francês pela lei do casamento homossexual, aprovada em 2013.
Segundo o Canard Enchaîné, o presidente francês estaria procurando, agora, um novo postulante para o cargo.