Execução

Familiares lutam para visitar estrangeiros condenados à morte na Indonésia

Jacarta aconselhou as autoridades consulares a se dirigirem neste fim de semana a Nusakambangan onde os fuzilamentos ocorrem

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Publicado em 24/04/2015 às 7:57
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Jacarta aconselhou as autoridades consulares a se dirigirem neste fim de semana a Nusakambangan onde os fuzilamentos ocorrem - FOTO: Foto: Reprodução/Internet
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Familiares e diplomatas lutavam nesta sexta-feira para visitar os estrangeiros condenados à morte por tráfico de drogas na Indonésia, depois que a promotoria ordenou a preparação das execuções, ignorando os pedidos de clemência.

Jacarta aconselhou as autoridades consulares a se dirigirem neste fim de semana a Nusakambangan -"a Alcatraz indonésia"-, onde os fuzilamentos ocorrem. Alguns familiares dos presos também se preparavam para viajar à ilha-prisão.

Um advogado do réu brasileiro Rodrigo Gularte, de 42 anos, disse à AFP que as equipes consulares e legais dos condenados à morte se dirigirão a Cilacap, a cidade mais próxima, o quanto antes.

A condenada Mary Jane Veloso, uma empregada doméstica filipina, foi transferida nesta sexta-feira à ilha-prisão, onde já se encontravam os condenados de Austrália, Brasil, França, Nigéria e Gana. Seus dois filhos, de 12 e seis anos, haviam viajado a este país do sudeste asiático para passar seus últimos momentos com ela.

"O governo indonésio ordenou que todos os prisioneiros condenados à pena de morte, tenham ou não recursos pendentes, sejam transferidos à ilha, incluindo Mary Jane Veloso", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores das Filipinas, Charles Jose.

"Os advogados e a embaixada não foram avisados da transferência. Iremos informando sobre as evoluções à medida que elas ocorrerem", acrescentou em uma mensagem a jornalistas em Manila.

Chinthu Sukumaran, cujo irmão Myuran é um dos dois australianos condenados à morte, se preparava para deixar a Austrália rumo a Jacarta. "Não posso acreditar que isso seja tudo. Ainda não perdemos a esperança", declarou ao jornal australiano Sydney Morning Herald. Michael Chan, irmão de Andrew, o outro australiano condenado, também se dirigia à Indonésia, segundo o jornal.

Incompreensível

As embaixadas não foram informadas sobre quando irão ocorrer os fuzilamentos, que por lei exigem uma notificação com 72 horas de antecedência, mas o passo dado pelas autoridades sugere que eles podem ser iminentes. Enquanto o governo indonésio mantém sua linha dura de que os condenados devem ser executados, independentemente dos recursos de última hora pendentes, a indignação internacional cresce.

A França denunciou na quinta-feira as graves falhas da justiça na Indonésia que condenou à morte por narcotráfico um de seus cidadãos, Serge Atlaoui, e disse que sua execução seria incompreensível. A legislação antidrogas da Indonésia é uma das mais severas do mundo, e o presidente do país Joko Widodo alega que a situação de emergência diante do problema das drogas requer a pena capital para os condenados.

A situação de Veloso gerou um profundo mal-estar nas Filipinas, onde cerca de 100 manifestantes se reuniram diante da embaixada indonésia em Manila com cartazes que diziam "Salvem a vida de Mary Jane". O vice-presidente filipino, Jejomar Binay, disse ter pedido clemência para Veloso durante uma reunião bilateral com seu colega indonésio, Jusuf Kalla, na quinta-feira. 

"Rogo sua compaixão, e garanto que o governo filipino está esgotando todas as vias para garantir que os que enganaram Mary Jane para que levasse drogas à Indonésia compareçam perante a justiça", disse Binay, citando o pedido que entregou a Kalla.

Veloso diz que um amigo de sua família, integrante de uma organização criminosa, escondeu heroína em sua mala antes que ela fosse detida no aeroporto de Yogyakarta em 2009. 

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