Um editorial do jornal britânico "The Sun", chamando os imigrantes de "baratas", provocou uma forte reação da ONU em Genebra, onde o Alto Comissariado para os Direitos Humanos pediu a Londres para fazer tudo para "acabar com a incitação ao ódio pelos tabloides britânicos".
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"Em uma linguagem semelhante à utilizada pelo jornal Kangura e a rádio Mille Collines em Ruanda durante o período que precedeu o genocídio de 1994, a editorialista do Sun (Katie Hopkins), afirma: 'Não se enganem. Estes imigrantes são como baratas', denunciou o Alto Comissariado.
O alto comissário, Zeid Ra'ad Al Hussein, pediu a todos os países europeus que adotem "uma linha mais dura sobre o racismo e a xenofobia", que, segundo ele, "são permitidos sob o pretexto da liberdade de expressão, alimentando um círculo vicioso de difamação, intolerância e politização dos imigrantes e minorias marginalizadas, tais como os ciganos".
O artigo publicado em 17 de abril pelo Sun começa com as palavras: "Mostre-me fotos de caixões, mostre-me cadáveres flutuando na água e mostre-me pessoas magras que parecem tristes. Eu não tenho nada com isso".
A editorialista do tabloide também defende o uso de armas de fogo para parar os imigrantes, dizendo que "fazer alguns furos na parte inferior de qualquer coisa que se pareça com um barco também seria uma boa ideia".
Segunda-feira, uma ONG britânica, a Society of Black Lawyers, denunciou o Sun à polícia britânica e pediu uma investigação para determinar se este artigo poderia constituir o incitamento ao ódio racial nos termos da lei sobre a ordem pública de 1986.
"Os ataques verbais contra os imigrantes e requerentes de asilo pelos tabloides britânicos já duraram muito tempo, sem serem contestados a partir de um ponto de vista legal. Eu sou um defensor intransigente da liberdade de expressão, que é garantida pelo artigo 19 do Pacto Internacional sobre os Direitos Políticos (PIDCP) e Civil, mas esta liberdade não é absoluta", declarou Zeid.
Este tipo de escrita, baseada no ódio, no antissemitismo e racismo foi "usada pela mídia nazista na década de 30", acrescentou. De forma mais ampla, Zeid considerou que há muitos anos os tabloides britânicos publicam artigos contra os estrangeiros.
"Muitas destas histórias foram grosseiramente distorcidas e algumas revelam mentiras inequívocas", acrescentou, denunciando esse processo de "demonização". "A história tem nos mostrado os perigos de demonizar os estrangeiros e minorias, e é verdadeiramente e profundamente chocante ver este tipo de tática sendo utilizada em todos os países", concluiu.