A diretora do escritório da AFP no Nepal, Ammu Kannampilly, estava no acampamento base do Everest no sábado (25) quando um terremoto de 7,8 graus de magnitude com epicentro no país provocou uma enorme avalanche.
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Estes são os testemunhos recolhidos por Ammu Kannampilly na zona, onde até o momento 18 mortes foram confirmadas.
Mensagem da montanha
Ainda incrédulo por ter sobrevivido ao muro de neve que caiu sobre ele, o alpinista George Foulsham interpreta sua experiência como uma mensagem da montanha, "que no momento não quer ser escalada".
"Eu corri, mas caí na neve. Tentei me levantar, mas caí outra vez. Eu não conseguia respirar, pensei que estava morto", explica o biólogo marinho de 38 anos que vive em Cingapura, recordando o momento em que foi derrubado pelo que ele descreve como "um edifício de 50 andares branco".
"Quando eu finalmente consegui me levantar, não podia acreditar que tinha saído ileso", conta.
Como muitos dos alpinistas na área, Foulsham havia retornado neste ano ao acampamento base para tentar escalar a montanha mais alta do mundo depois do cancelamento da temporada de escalada do ano passado por uma avalanche na qual 16 sherpas morreram.
Foulsham teme que seu sonho de escalar o Everest nunca se torne realidade. "Tenho aguardado por anos para escalar o Everest, mas parece que no momento a montanha não quer ser escalada", acredita.
'Morreu ante meus olhos'
Ellen Gallant, uma cardiologista e alpinista americana, explica como cuidou dos feridos, mas não foi capaz de salvar uma pessoa que morreu diante de seus olhos.
"Eu estava do lado de fora e vi uma enorme nuvem vindo em minha direção. Eu corri para a barraca e caí no chão. Quando a vibração parou, saí e chamei por rádio a tenda médica. Pediram para que eu e um alpinista indiano (médico do exército) tratássemos de ferimentos na cabeça", explica.
"Trabalhamos durante toda a noite, distribuindo medicamentos e colocando sondas intravenosas. De nove pacientes, um morreu ontem à noite, um sherpa de 25 anos. Sua pressão caiu, não conseguimos fazer nada", relata Gallant, que trabalhou em condições muito precárias.
"Por volta das seis horas, ouvimos helicópteros e sabíamos que estávamos fora de perigo. Conseguimos evacuar os oito pacientes", lembra ela.
"Quando você vai para a faculdade de medicina, você aprende a se concentrar no que você está fazendo. Mas agora que as coisas se acalmaram um pouco, percebi o golpe. Este jovem morreu diante dos meus olhos, ele tinha apenas 25 anos, não deveria ter morrido" diz.
'Tenda saiu voando'
"Eu estava na tenda onde fazemos as refeições quando a avalanche ocorreu, a tenda saiu voando", relata Kanchaman Tamang, um cozinheiro nepalês de 40 anos que trabalha para a Jagged Globe, uma empresa que organiza expedições ao Everest.
"Depois da avalanche do ano passado, não estava preocupado em voltar. Tinha dito à minha família que o trabalho no acampamento base era seguro, não é como estar na cascata de gelo", diz ele.
"Mas agora a temporada acabou, a estrada foi destruída, as escadas da cascata de gelo estão quebradas. Não acho que voltarei no próximo ano. Esta montanha significa muita dor", conclui.