Milhares de habitantes de Katmandu iniciaram nesta segunda-feira um êxodo em massa para sair da cidade, após o terremoto que deixou mais de 4 mil mortos no sábado no Nepal, enquanto as Nações Unidas organizam uma grande operação de ajuda humanitária para a região.
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Famílias inteiras se aglomeram em ônibus, pessoas viajam no teto dos veículos e muitos moradores de Katmandu estão retornando para seus povoados de origem.
Os sobreviventes do terremoto se aglomeram em torno de locais de venda de alimentos e de postos de gasolina temendo o desabastecimento após a tragédia, enquanto a ameaça de doenças paira sobre milhares de pessoas que perderam suas casas e acampam em parques de Katmandu.
O êxodo começa no momento em que equipes internacionais de cães treinados auxiliam no trabalho de máquinas pesadas a procura de vítimas sob os escombros, e provisões começam a chegar ao país.
"Agora mesmo é importante prevenir outro desastre mediante a adoção das precauções adequadas contra as epidemias", disse à imprensa o porta-voz do exército, Arun Neupane.
O terremoto deixou 4.310 mortos e 7.953 feridos, segundo o último boletim do ministério do Interior, divulgado nesta terça por Laxmi Prasad Dhakal.
Nos países vizinhos o tremor matou cerca de 100 pessoas.
Os socorristas tentavam chegar nesta terça-feira às regiões mais isoladas próximas ao epicentro do terremoto, de 7,8 graus de magnitude.
Laxmi Prasad Dhakal avisou que o país necessita de helicópteros para as operações de socorro nas zonas rurais, assim como água potável e alimentos para os sobreviventes.
O tremor, que devastou Katmandu, também provocou avalanches no Everest, onde estavam centenas de pessoas para o período inicial da temporada de escaladas, e 18 morreram no chamado teto do mundo.
Nesta segunda-feira, helicópteros conseguiram resgatar escaladores que estavam retidos no Everest, após uma primeira operação para retirar os feridos.
Elisabeth Byrs, porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PMA), disse à AFP que a agência "lançará um programa em grande escala" a partir de terça-feira no Nepal.
"Necessitamos de mais equipamentos para poder detectar sons e localizar sobreviventes", disse o coronel Naresh Subba.
Envoltos em mantas de plástico, muitos habitantes de Katmandu seguiam desesperados a procura de ajuda e informação.
"Há muito medo e confusão", disse Bijai Sreshth enquanto tentava escutar por rádio alguma orientação do governo. "Não sabemos o que vai acontecer conosco ou o tempo que vamos passar aqui", lamentou o pai de três filhos, que se refugiou com a família em um parque.
Os hospitais estão abarrotados e os médicos trabalham durante muitas horas em condições precárias, enquanto os necrotérios seguem repletos de corpos.
Os socorristas locais estão recebendo o apoio de centenas de ativistas humanitários procedentes de China, Índia, Estados Unidos e de outros países.
Os Estados Unidos destinarão 10 milhões de dólares em ajuda. "Este dinheiro será utilizado para responder às prioridades imediatas para salvar vidas nas operações de busca e resgate, assim como para prover abrigos de urgência, água potável e outros elementos nos próximos dias", destaca o comunicado da USAID, a agência humanitária do departamento de Estado.
O ministro das Relações Exteriores japonês, Fumio Kishida, também anunciou o envio de US$ 8 milhões em ajuda humanitária.
O Canadá, que durante o fim de semana anunciou o envio de ajuda humanitária de US$ 5 milhões, enviou nesta segunda-feira um avião de transporte C-17 com o material de emergência.