O presidente francês François Hollande afirmou nesta quinta-feira que será implacável caso sejam confirmadas as acusações de que soldados franceses estupraram crianças e mulheres na República Centro-africana.
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"Se algum militar se comportou mal, serei implacável. Desde que recebemos as primeiras informações, o ministério da Defesa e eu mesmo colocamos em andamento uma investigação e comunicamos à justiça", declarou.
Na véspera, um porta-voz da ONU informou que investigadores de direitos humanos da organização conduziram uma investigação no ano passado depois de importantes acusações de abuso e exploração sexual por soldados franceses na República Centro-Africana.
De acordo com o porta-voz adjunto da ONU, Farhan Haq, um funcionário da organização foi suspenso por ter vazado em julho 2014 os resultados da investigação para as autoridades francesas.
O relatório confidencial documenta a exploração sexual de menores por parte de soldados franceses estacionados na República Centro-Africana, incluindo detalhes sobre as vítimas e dos soldados envolvidos.
O ministério da Defesa francês confirmou que Paris abriu sua própria investigação após a da ONU. O jornal britânico The Guardian identificou o funcionário que vazou o relatório confidencial como o sueco Anders Kompass.
A ONU, que não havia identificado o diplomata, afirmou que "tal conduta não faz dele um informante". Kompass vazou o documento confidencial antes de ser apresentado a altos funcionários do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.
Os abusos descritos no documento ocorreram antes da implementação da missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA) e foram investigadas pelo Gabinete de Direitos Humanos da ONU, em Bangui, no final do segundo trimestre do ano passado.
Segundo o jornal britânico The Guardian, o relatório pode conter testemunhos de crianças que afirmaram terem sido estupradas por soldados franceses entre dezembro de 2013 e junho 2014 em um campo para deslocados no aeroporto de Bangui.
A França enviou tropas para a República Centro-Africana em dezembro de 2013, quando o país estava mergulhado na violência após um golpe que derrubou o líder Francois Bozizé.