Política

Britânicos comparecem às urnas para eleições acirradas

Quase 45 milhões de eleitores estão registrados, mas o voto não é obrigatório

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Publicado em 07/05/2015 às 8:57
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Atualização 9h27

Os locais de votação abriram as portas nesta quinta-feira no Reino Unido para as eleições que definirão o próximo primeiro-ministro e que já estão entre as mais disputadas da história. "Estas eleições me recordam o que Winston Churchill pensava da Rússia: uma charada envolvida em um mistério dentro de um enigma", resumiu Bernard Ingham, que foi diretor de comunicação de Margaret Thatcher.

As zonas eleitorais abriram às 7H00 (3H00 de Brasília) e a votação prosseguirá até 22H00 (18H00 de Brasília). Quase 45 milhões de eleitores estão registrados, mas o voto não é obrigatório. Ao final de votação será divulgada uma pesquisa de boca de urna, mas o resultado oficial definitivo só deve ser conhecido por volta de meio-dia de sexta-feira.

O atual primeiro-ministro, o conservador David Cameron, e o líder trabalhista, Ed Miliband, disputam o posto de chefe de Governo, mas as pesquisas apontam que nenhum partido deve obter maioria absoluta na Câmara dos Comuns, o que exigirá o apoio de outros partidos para formar o governo.

Neste cenário, o avanço dos nacionalistas escoceses liderados por Nicola Sturgeon se tornou o grande tema da campanha, pois o partido SNP pode ter a chave do poder em Londres, ao mesmo tempo que defende a independência da Escócia.

"Minha mensagem é que defenderemos a Escócia, mas ao mesmo tempo buscaremos formar alianças com as pessoas de todo o Reino Unido para tornar melhor a política no país", disse Sturgeon depois de votar em Glasgow. 

Os democrata-liberais liderados por Nick Clegg, que integram a atual coalizão de governo de Cameron, também aparecem como potenciais objetos do cortejo do partido que conquistar mais deputados.

Os candidatos votaram cedo: Cameron em Witney, no condado de Oxfordshire, sul da Inglaterra; Miliband em Sutton, em North Yorkshire, norte da Inglaterra, e Clegg em Sheffield Hallam, também na região norte. 

Estão em jogo 650 cadeiras na Câmara dos Comuns por circunscrições da Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda do Norte. Cada circunscrição compreende quase 70.000 eleitores representados por um membro do Parlamento. 

Também acontecem eleições municipais em grande parte da Inglaterra, mas não em Londres. Segundo a última projeção do jornal The Guardian, o Partido Conservador deve conquistar 273 cadeiras, o Partido Trabalhista 273, o SNP 52, os democrata-liberais 21 e o Ukip (Partido da Independência do Reino Unido) 3.

As negociações para a formação do governo não devem passar de 27 de maio, data do discurso anual da rainha Elizabeth II no Parlamento, quando a monarca cita os projetos do primeiro-ministro para os 12 meses seguintes.

Se nenhum partido conquistar a maioria absoluta, acontece o que é conhecido como "parlamento enforcado". O primeiro-ministro e o governo permaneceriam no poder até a conclusão das negociações entre os partidos para formar uma coalizão ou com acordos pontuais que permitam a sobrevivência de um governo.

A seguir os possíveis cenários para o governo britânico:

1) Um governo com maioria absoluta

Não há dúvida de que o próximo primeiro-ministro será o trabalhista Ed Miliband ou o conservador David Cameron. A maneira mais fácil, mas a mais improvável, segundo as pesquisas, seria conquistar maioria absoluta, o que representa 326 cadeiras ou mais das 650 da Câmara dos Comuns. Dezesseis dos 18 governos da Grã-Bretanha desde a Segunda Guerra Mundial foram formados como governos de maioria. O atual governo de coalizão de Cameron, entre conservadores e liberal-democratas, foi a segunda exceção, depois do governo de unidade da Segunda Guerra Mundial.

2) Governo de coalizão

Uma coalizão seria a segunda possibilidade para um governo estável. Um dos dois grandes partidos, Conservador ou Trabalhistas, chegaria a um acordo formal com um partido menor ou vários, como os liberais. O número total de cadeiras da coalizão teria que somar 326 ou mais. Os conservadores de Cameron estão em um governo de coalizão com os liberal-democratas desde 2010. Mas o acordo criou problemas para os dois lados e uma repetição é pouco provável.

3) Em minoria

Se nenhum partido conquistar uma clara maioria e sem um acordo de coalizão, conservadores ou trabalhistas poderiam tentar formar um governo de minoria com de 326 deputados e alcançar acordos pontuais para aprovar cada lei.

O partido antieuropeu UKIP e os unionistas norte-irlandeses aparecem como os sócios mais prováveis dos conservadores em um cenário assim. O Partido Nacional Escocês, que deseja a independência da Escócia, é pressionando para um acordo deste tipo com s trabalhistas. Caso tanto conservadores como trabalhistas apareçam em posição de governar desta maneira, os dois partidos teriam que debater e definir aquele que teria mais probabilidades de sobrevive no governo. O primeiro grande teste de confiança para o governo minoritário seria o discurso da rainha, previsto para 27 de maio, quando o Parlamento debate o programa legislativo do novo governo e vota sobre o mesmo.

4) Novas eleições

Um governo de minoria poderia ter problemas para obter apoios e, inclusive, poderia cair em uma moção de censura. Uma opção para o primeiro-ministro seria convocar novas eleições rapidamente para assegurar uma clara maioria. Caso isto aconteça, a Grã-Bretanha teria duas eleições gerais em um ano pela primeira vez desde 1974.

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