O grupo Estado Islâmico (EI) estava nesta quinta-feira às portas da cidade histórica síria de Palmira, aumentando os temores de que os jihadistas a destruam, como já fizeram com outras joias do patrimônio cultural de Síria e Iraque. O EI executou 26 civis, incluindo 10 que foram decapitados, em vilarejos próximos da cidade histórica de Palmira, na região leste da Síria, anunciou uma ONG.
"Os jihadistas do EI executaram 26 civis, 10 deles decapitados, por colaboração com o regime em vilarejos dos quais o exército se retirou, perto de Palmira", afirma o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
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"Palmira está ameaçada", declarou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede na Grã-Bretanha. "A batalha acontece dois quilômetros ao leste da cidade, depois que o grupo EI tomou o controle de todos os postos do exército entre Al-Sujna e Palmira".
O valor histórico deste oásis situado 240 km a nordeste de Damasco é inestimável, já que abriga as ruínas monumentais de uma cidade que foi um dos centros culturais mais importantes do mundo antigo, e que foi declarada patrimônio mundial da Unesco.
Sua arquitetura conjuga as técnicas greco-romanas com as tradições locais e a influência persa, segundo esta agência da ONU.
"Acabo de falar por telefone com meus colegas em Palmira, me confirmaram que (os jihadistas) estão a dois quilômetros da cidade. A aviação os bombardeia e espero que estes bárbaros não entrem no interior da cidade", afirmou Mamun Abdulkarim, diretor das Antiguidades e Museus Sírios.
"Se o EI entrar em Palmira, significará sua destruição, uma catástrofe internacional" e "a repetição da barbárie e da selvageria que ocorreu em Nimrud, Hatra e Mossul", advertiu, em alusão aos locais antigos atacados pelos jihadistas nos últimos meses no Iraque.
Os rebeldes tiveram o controle da cidade até setembro de 2014, quando o exército sírio recuperou o controle. Durante os combates, o templo de Baal sofreu danos pelos disparos de artilharia.
- 110 mortos nos combates -
Talal Barazi, governador da província de Homs, à qual Palmira pertence, explicou que após a queda de Al-Sukhna na quarta-feira 1.800 famílias fugiram a Palmira, onde três centros de acolhida foram abertos.
Desde a noite de terça-feira, os combates nesta zona deixaram 110 mortos, 70 dos quais são membros das forças de segurança do regime, além de 55 jihadistas. Entre os últimos se encontra Abu Malek Anas al-Nashwan, que apareceu em um vídeo do EI mostrando a decapitação em abril de 28 etíopes na Líbia, segundo sites extremistas.
Um vídeo divulgado no mês passado nas redes sociais mostrava os jihadistas do EI destruindo o sítio arqueológico iraquiano de Nimrud, joia do império assírio fundado no século XIII, e antes haviam atacado Hatra, cidade de 2.000 anos, e o museu de Mossul, no norte do Iraque.
Na Síria, os combatentes extremistas destruíram patrimônios de Raqa, Mari, Dura Europos, Apamea, Ajaja (nordeste) e Hamam Turkoman, perto de Raqa.