Iraque

Milícias xiitas se reúnem ao redor de Ramadi, nas mãos dos jihadistas

A perda da cidade representa o mais sério revés para o regime

Da AFP
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Publicado em 19/05/2015 às 14:29
Foto: YOUNIS AL-BAYATI / AFP
A perda da cidade representa o mais sério revés para o regime - FOTO: Foto: YOUNIS AL-BAYATI / AFP
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Milícias xiitas começaram nesta terça-feira (19) a se reunir às portas de Ramadi para tentar reconquistá-la junto às tropas iraquianas, antes que os jihadistas do Estado Islâmico (EI) consigam converter esta cidade em um de seus redutos.

Na vizinha Síria, o regime de Bashar al-Assad sofreu uma nova grande derrota ao perder o controle de seu principal acampamento militar na província de Idleb (noroeste), conquistado pela coalizão de rebeldes e membros da Al-Qaeda.

Criticado após a queda de Ramadi no domingo, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, resolveu apelar às Unidades de Mobilização Popular. Esta coalizão de milícias e voluntários majoritariamente xiitas havia sido mantida à margem na província de Anbar para evitar a rejeição da população, em sua maioria sunita.

As principais milícias destas Unidades de Mobilização desempenharam um papel chave em operações bem-sucedidas contra o EI em diversas zonas ao norte de Bagdá, mas foram acusadas de cometer abusos e de realizar execuções sumárias.

Estes combatentes "começaram a chegar às zonas a leste de Ramadi", anunciou à AFP o general Ali al-Majidi, a partir de uma base a oeste de Bagdá.

Ele declarou que a prioridade é tentar impedir os ataques que o EI realiza a leste da cidade antes de lançar uma contraofensiva global.

Atuando rapidamente, as forças governamentais querem evitar que os jihadistas coloquem explosivos e minas nas principais ruas e edifícios de Ramadi, como fizeram em Tikrit, freando a reconquista desta cidade ao norte de Bagdá pelo poder em março.

A perda de Ramadi, situada a apenas uma centena de quilômetros de Bagdá, representa o mais sério revés para o regime desde a ofensiva que permitiu ao grupo EI controlar vastos territórios, em junho de 2014.

Por sua vez, sua conquista permite ao EI, que conta com milhares de homens no Iraque e na Síria, reforçar sua influência na imensa província de Anbar, fronteiriça com Síria e Arábia Saudita, da qual Ramadi é a capital.

 

- Kerry 'confiante' -

Os Estados Unidos, aliados de peso de Bagdá, reconheceram que a queda de Ramadi representava uma derrota e que as milícias xiitas, algumas das quais são apoiadas pelo Irã, têm "um papel enquanto se encontram sob o controle do governo iraquiano".

A queda de Ramadi ilustrou a grande fragilidade do exército, que no domingo se retirou em desordem de suas últimas posições.

Imagens divulgadas pelo EI mostram tanques, transportes de tropas e outros veículos militares, assim como armas e munições abandonados nas bases do exército. Outras mostram jihadistas libertando prisioneiros.

Segundo a ONU, ao menos 25.000 pessoas foram deslocadas pelos combates em Ramadi, onde pela segunda vez em um mês um grande número de habitantes foram obrigados a fugir.

"Milhares de pessoas precisaram dormir ao relento porque não tinham para onde ir", declarou Lise Grande, coordenadora humanitária da ONU no Iraque.

 

- Cai acampamento militar na Síria -

Na Síria, as forças do regime estão em dificuldades, em particular na província de Idleb (noroeste), onde o exército perdeu seu último grande acampamento para uma coalizão de rebeldes e membros da Al-Qaeda.

"Todas as tropas do regime se retiraram da base militar de Al-Mastuma, a maior de Idleb. Está totalmente nas mãos dos rebeldes", afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSHD), com sede na Grã-Bretanha. O acampamento, no qual se reuniam milhares de soldados e importantes armamentos, caiu em menos de 48 horas.

O regime perdeu nos últimos meses o controle das partes mais importantes desta província, fronteiriça com a Turquia.

O exército governamental também enfrenta uma ofensiva do EI em Palmira, uma cidade no centro do país com um famoso sítio antigo e uma grande prisão.

No nordeste sírio, no entanto, os jihadistas do EI perderam ao menos 170 combatentes nas últimas 48 horas nos ataques aéreos da coalizão liderada pelos Estados Unido, segundo o OSDH.

"Estes jihadistas foram abatidos nas últimas 48 horas na província de Hasake, em sua grande maioria pelos intensos ataques da coalizão internacional que ajuda as forças curdas nesta zona", indicou o OSDH, declarando que estas forças curdas conseguiram recuperar 20 aldeias da região.

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