Manuel Contreras, ex-chefe da temida polícia política da ditadura de Augusto Pinochet, acumulou nesta quarta-feira (20) a 505 anos de condenação judicial, a sentença mais extensa da história da justiça chilena.
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Contreras, de 86 anos e preso desde 2005, acumulou esta pena apos ter sido condenado pela Suprema Corte a outros 15 anos de prisão pelo assassinato, em novembro de 1973, do casal de dirigentes do Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR), composto pela atriz Ana María Ortiz e o cientista político Alejandro de la Barra.
Os dois militantes foram mortos por agentes da Direção Nacional de Inteligência (DINA), a polícia política que operou os primeiros e mais sangrentos anos da ditadura de Pinochet e que era comandada por Contreras.
A ele é atribuída a responsabilidade pela maioria das mais de 3.200 vítimas e cerca de 38.000 torturados que a ditadura de Pinochet (1973-1990) deixou.
Contreras negou a todo momento que a DINA tenha torturado ou feito desaparecer pessoas.
Em entrevista transmitida pela televisão da prisão na véspera dos 40 anos do golpe de Estado que instalou a ditadura de Pinochet, em setembro de 2013, ele disse que nos quartéis da polícia secreta "nunca se torturou ninguém".
A DINA, espécie de Gestapo chilena, chegou a ter 60.000 agentes, informantes e redes no exterior. Tinha prisões secretas, retinha presos quanto tempo quisesse, prestava contas apenas a Pinochet e agia dentro e fora do país.
A ela são atribuídos, entre outros, o assassinato do ex-chanceler Orlando Letelier, em Washington, em 21 de setembro de 1976, do ex-comandante-chefe do Exército Carlos Prats, em 1974, na Argentina, e o atentado contra o democrata-cristão Bernardo Leighton, ferido a bala em Roma no ano seguinte.
Pinochet relevou a Contreras sobre a DINA em 1977, quando os Estados Unidos comprovaram que a morte do ex-chanceler Letelier foi ordenada pela instituição. Por este assassinato, Contreras cumpriu sete anos de prisão no Chile entre 1995 e 2002.