Se o Estado libanês falhar em proteger a fronteira norte (com a Síria) contra terroristas, o Hizbullah irá cumprir esse papel. Essa foi a mensagem de Hassan Nasrallah, líder da milícia xiita, neste domingo (24).
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Nasrallah falou a um público de milhares de pessoas na cidade de Nabatieh, no sul do país. A Folha acompanhou o evento, entre militantes uniformizados no amarelo característico dessa facção -hoje, uma das principais forças políticas no Líbano.
A aparição de Nasrallah, em um telão, marca anualmente o chamado "dia da liberação". O Hizbullah celebra em 25 de maio a retirada de Israel do Líbano. Neste ano, o evento foi antecipado em um dia para o domingo.
Referindo-se ao Estado Islâmico como uma ameaça existencial ao mundo, e dedicando a ela grande parte de seu discurso, Nasrallah pediu a unidade dos países árabes no combate ao extremismo e insistiu em que o Hizbullah está pronto para garantir a segurança do país.
A mensagem foi recebida com crítica pelo ex-premiê Saad Hariri, que afirmou na sequência que nada pode proteger o Líbano mais do que a unidade em torno do direito exclusivo do Estado às armas. O momento é delicado, porém, enquanto terroristas ameaçam toda a fronteira norte desse país.
O Hizbullah expulsou militantes da facção radical Jabhat al-Nusra da região síria de Qalamun, em uma importante vitória estratégica. Mas a ação pode ter empurrado esses extremistas para a cidade libanesa de Arsal, onde já existe um violento conflito.
Em um trecho emocionado de seu discurso, Nasrallah afirmou que o Hizbullah não permitirá que nenhum radical permaneça nos entornos de Arsal e que continuará com as ações militares até que a fronteira esteja segura.
O líder da organização xiita referiu-se, ainda, ao aniversário da ocupação da cidade iraquiana de Mossul pelo Estado Islâmico, afirmando que, apesar dos ataques da coalizão internacional liderada pelos EUA, os terroristas não foram detidos.
DRONE
A aparição de Nasrallah coroou um evento de clima festivo em que simpatizantes dessa organização xiita passaram a tarde sob o sol, amontoados diante de um telão. Um drone (avião não tripulado) arrancava gritos da plateia, em sobrevoo.
Devido ao calor, um homem sorridente e de boné amarelo -como os entregues aos presentes, aos montes- molhava a multidão com uma mangueira. Crianças vestiam roupas militares.
Antes do discurso, uma orquestra tocou o hino nacional do Líbano e a música-tema do Hizbullah. O coro oficial dessa organização xiita cantou por 15 minutos -seus cerca de dez membros, empolgados, fechavam os olhos durante as canções, levantando os braços durante os trechos mais exaltados.