Em tom de despedida, a presidente argentina, Cristina Kirchner, aproveitou o discurso do feriado de 25 de maio no país para fazer um balanço dos 12 anos do kirchnerismo no poder e para defender a continuidade de seu projeto político.
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Seu marido, Néstor Kirchner (morto em 2010), tomou posse como presidente em 25 de maio de 2003, eleito após o país passar pela pior crise econômica e política de sua história, em 2001. Cristina assumiu a presidência em 2007 e foi reeleita em 2011. Seu mandato chega ao fim em dezembro deste ano.
"Há exatamente 12 anos um homem, que havia sido ungido como presidente com apenas 22% dos votos, fez um discurso que as pessoas acreditaram que seria apenas um discurso, que esse governo ia durar só um ano. Foi um discurso de fundação", disse Cristina, abrindo seu pronunciamento.
"Ele disse que nós políticos não seríamos mais julgados só por nossos diagnósticos e discursos, mas pelos resultados da política que aplicássemos no país. E aqui estamos, 12 anos depois."
Cristina disse que o marido encontrou o país "em pedaços", com diferentes moedas nas províncias e o povo com a autoestima baixa.
"Desde então chamam de 'verãozinho' quando as coisas vão bem. Foram 12 verões para a Argentina e nós queremos um 13º verão", disse ela.
Em um discurso de pouco mais de 1 hora, transmitido em rede nacional, Cristina defendeu os programas sociais do governo e a privatização da YPF e da Aerolineas Argentinas.
"Quando se muda tudo a cada quatro anos, tudo fica igual. Por isso, o processo de 12 anos de transformação deve ser aprofundado e deve continuar. [Essa eleição] não trata de continuidade ou mudança. Os que querem mudança que expliquem aos argentinos o que querem" disse, criticando o discurso da oposição.
"Peço aos argentinos: cuidemos das nossas conquistas e nos ajudem a corrigir nossos erros."
Numa despedida antecipada, Cristina agradeceu também "aos que não gostam de mim, aos que não me votaram". "Coloquem a mão no coração e pensem como estavam em maio de 2003: estão melhor ou estão pior?", questionou.
Na semana da Pátria na Argentina, que começa no dia 18 e vai até 25, Cristina inaugurou um museu em homenagem às vítimas da ditadura (uma de suas bandeiras políticas) e também um grandioso centro cultural que leva o nome do marido.
O tom eleitoral dos festejos foi alvo de crítica de políticos da oposição.
"O governo não celebra um novo aniversário da data patriótica de 1810 e, sim, o seu próprio aniversário, desde a ascensão de Néstor Kirchner. É uma afronta aos nossos valores nacionais", criticou Margarita Stolbizer, candidata da agremiação de esquerda Progressistas.
"Este é o último 25 de maio de uma época que termina. O próximo será o primeiro de um novo começo para todos os argentinos", afirmou Maurício Macri, do PRO, em uma rede social.