Sob o impulso do ex-presidente Nicolas Sarkozy, o principal partido da direita francesa inicia neste sábado sua transformação com um congresso para se preparar para as eleições presidenciais de 2017.
Mais de 20.000 pessoas eram aguardadas neste encontro, organizado no nordeste de Paris e que tem por objetivo deixar para trás os assuntos judiciais pendentes e as disputas internas que enfraqueceram o partido da oposição UMP.
Novo nome, novos estatutos, nova equipe: o congresso deve marcar o renascimento da direita, três anos depois da derrota de Nicolas Sarkozy para o socialista François Hollande, que o substituiu à frente do Estado.
A União por um Movimento Popular (UMP), criada em 2002, se converte, assim, em "Os Republicanos", o nome que Sarkozy desejava e que foi ratificado pelos militantes através de uma votação eletrônica realizada entre quinta e sexta-feira.
Preocupados ao ver que a direita poderia reivindicar um valor comum, partidos e associações de esquerda apresentaram uma demanda para bloquear a mudança de nome, mas os juízes não abriram nenhum processo.
Espera-se que sejam anunciados neste sábado os principais barões do partido, incluindo os ex-primeiros-ministros Alain Juppé e François Fillon, rivais de Sarkozy e que possivelmente participarão de primárias em 2016, das quais sairá o candidato do grupo para as eleições presidenciais.
O objetivo do partido é passar a imagem de uma família unida.
Após sua derrota em 2012, Nicolas Sarkozy se retirou do cenário político e seu partido afundou. Explodiram casos judiciais e várias autoridades foram acusadas, principalmente em um caso envolvendo financiamento na campanha do ex-presidente.
- Dificuldades financeiras -
Além deste procedimento judicial, a campanha deixou o UMP afundado em grandes dificuldades financeiras com uma dívida calculada em mais de 70 milhões de euros.
Desde que voltou a liderar o UMP, em novembro, Sarkozy tenta apagar sua imagem agressiva para se apresentar como um homem de consenso.
Nas últimas eleições locais, em março, seu partido obteve bons resultados, embora tenha se beneficiado principalmente da baixa popularidade do governo de esquerda, que não consegue reduzir o desemprego.
Por outro lado, o partido de ultradireita Frente Nacional continua sendo uma ameaça: ficou na liderança nas eleições europeias de 2014 e sua presidente, Marine Le Pen, se mostra confiante de que chegará ao segundo turno das presidenciais de 2017.
Internamente, a harmonia que o grupo tenta demonstrar pode não passar de uma fachada, diante das divergências existentes entre Sarkozy e os outros destaques do partido.
Segundo uma recente pesquisa de opinião, Alain Juppé venceria as primárias à frente do ex-chefe de Estado.
A situação não parece fácil para Sarkozy: quase três quartos dos franceses não desejam que o líder do partido Os Republicanos se apresente nas próximas eleições presidenciais, segundo uma pesquisa publicada neste sábado.