Um cidadão tailandês acusado de ser o proprietário de um barco utilizado por traficantes para transportar mais de 200 imigrantes que foram encontrados recentemente no mar foi preso em Mianmar, anunciou neste sábado (30) a imprensa oficial.
O homem, que utilizava dois pseudônimos birmaneses, está detido em Rangun, capital econômica de Mianmar, informou o jornal Global New Light of Myanmar.
"Ele admitiu ter estado em contato com redes de traficantes de pessoas em Bangladesh e ter transportado migrantes à Tailândia e à Malásia", acrescentou o jornal oficial, que não especificou os crimes pelos quais é acusado.
As autoridades birmanesas dizem que a prisão do homem foi possível graças à troca de informações com a polícia de Bangcoc. O acusado é originário da província tailandesa de Ranong, uma zona fronteiriça com Mianmar que é conhecida como uma passagem utilizada pelas redes de tráfico.
Este anúncio ocorre após a realização na sexta-feira na Tailândia de uma reunião que contou com a participação de 17 países da região do sudeste asiático, com o objetivo de encontrar uma solução para a crise de migrantes que viajam por terra e mar a partir de Mianmar e Bangladesh em direção à Malásia e à Indonésia.
Na reunião, Mianmar, Bangladesh e os outros 15 países reunidos conseguiram entrar em acordo sobre a necessidade de "atacar as raízes" do problema e "melhorar a vida das comunidades ameaçadas", com "criação de empregos" e "ajudas ao desenvolvimento".
A atual crise dos migrantes explodiu no início de maio, quando a Tailândia encontrou no sul de seu território, em meio à selva, cinco campos de imigrantes e 35 cadáveres.
Após esta descoberta, Bangcoc decidiu agir contra este tráfico de imigrantes, que ficou completamente desorganizado. Surpreendidas, as máfias que transportam estes imigrantes os abandonaram em alto-mar.
Mianmar, que está no centro desta crise, resgatou na semana passada 200 migrantes que viajavam no barco que as autoridades atribuem ao acusado.
Segundo as autoridades, os migrantes são originários de Bangladesh, embora muitas das pessoas que viajam por estas rotas também pertençam à minoria muçulmana dos rohingyas, um grupo estabelecido há gerações em Mianmar, mas que não tem direito à cidadania.
Na sexta-feira, a marinha de Mianmar informou ter encontrado na costa uma embarcação com 727 migrantes a bordo.
O ministério da Informação declarou na sexta-feira que os migrantes são bengaleses. Para os birmaneses, a palavra "bengalês" designa tanto as pessoas provenientes de Bangladesh quanto os rohingyas.
Neste sábado as autoridades não informaram a nacionalidade dos migrantes, mas a marinha confirmou à AFP que o grupo foi levado à ilha de Haigyi, na região do delta de Irrawaddy (sul).