As sirenes soaram neste domingo (7) enquanto centenas de pessoas se reuniam em uma margem do rio Yangtsé para prestar homenagem aos 431 mortos e 11 desaparecidos no naufrágio da última segunda-feira (1) no centro da China.
O "Estrela do Oriente", com 456 passageiros e tripulantes a bordo, naufragou em menos de dois minutos devido ao mau tempo e afundou a 15 metros de profundidade, com uma parte do casco na superfície.
Trata-se do pior naufrágio ocorrido na China popular desde sua fundação, em 1949. O acidente ocorreu perto das Três Gargantas, uma zona turística do Yangtsé, o maior rio da Ásia.
Foram encontrados apenas 14 sobreviventes. A lista de mortos foi crescendo nesta semana à medida que os socorristas encontravam os corpos nas águas turvas.
O último balanço, anunciado neste domingo pela agência de notícias oficial Xinhua, confirmou que a grande maioria dos cadáveres foram recuperados dos camarotes e dos corredores do navio.
Seguindo a tradição chinesa, a homenagem às vítimas ocorreu neste domingo, no sétimo dia de sua morte, e o ministro de Transportes do país, Yang Chuantang, compareceu à cerimônia representando o governo.
Centenas de pessoas se alinharam pela manhã em frente ao local do naufrágio, entre elas muitos socorristas, segundo imagens divulgadas pela televisão.
Os navios dos arredores ativaram suas sirenes enquanto os militares presentes inclinavam a cabeça em sinal de respeito.
A maioria das vítimas eram aposentados que realizavam um cruzeiro entre Nankin e Chongqing, duas antigas capitais chinesas.
Em um pedido publicado nas redes sociais, alguns dos parentes apelaram para que o capitão do navio, que figura entre os sobreviventes, seja condenado à morte.
- Testes de DNA -
Durante encontros organizados pelas autoridades, a AFP entrevistou vários familiares, reunidos em edifícios oficiais de Jianli, a cidade mais próxima ao local do naufrágio.
"Gostaria tanto de voltar a ver meu pai e minha mãe", declarou soluçando Wang Hua, uma chinesa da província oriental de Shandong.
"Eram tão bons, nunca imaginei que morreriam desta forma tão trágica", disse.
Fu Conghai perdeu o irmão e o sobrinho. "Esperamos os resultados dos testes de DNA, quando tivermos a confirmação poderemos ver nossos entes queridos", declarou.
O navio foi reerguido na noite de quinta-feira por grandes gruas com o objetivo de facilitar as operações de busca.
No entanto, autoridades advertiram que não há esperanças de encontrar mais sobreviventes.
O "Estrela do Oriente", de 76 metros de comprimento, teve problemas de segurança há dois anos, segundo um documento do Gabinete de Assuntos Marítimos de Nankin, mas não se sabe por enquanto qual era seu estado no momento do acidente.
As autoridades restringiram o acesso ao local da catástrofe e as informações a respeito são rigidamente controladas por Pequim. Os meios de comunicação chineses receberam como instrução dar apenas as notícias positivas sobre os trabalhos de resgate.