As autoridades gregas concordam com os credores, a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), sobre a necessidade de alcançar um excedente fiscal primário de 1% este ano, o que gerou uma divergência durante muito tempo, afirmou a porta-voz da Comissão Europeia.
"As autoridades gregas concordam com estas metas, a questão é quão confiáveis são os compromissos para alcançá-las", disse a porta-voz Annika Breidthardt.
O nível de excedente determina o valor de economia ou dos recursos adicionais com os quais a Grécia poderá contar. Depois de um fim de semana de negociações, a Comissão calculou o esforço de Atenas em dois bilhões de euros.
Os credores de Atenas querem que o excedente fiscal primário alcance 1% do PIB este ano, 2% em 2016 e 3,5% em 2018, segundo a porta-voz.
Outro porta-voz da Comissão, Margaritis Schinas, citou os gastos militares como outra maneira para alcançar a meta.
"Não é um segredo que o gasto no orçamento grego com a defesa é o segundo (na Europa), depois da Grã-Bretanha", disse.
Annika Breidthardt destacou o peso do sistema previdenciário grego.
"É um dos sistemas de aposentadoria mais caros da Europa e sua reforma é parte das demandas dos credores", disse, antes de insistir no fato de que as "instituições não pediram uma redução das pensões a nível individual".
Os credores da Grécia apresentaram a Atenas uma proposta de cinco pontos, na qual insistem em um ajuste fiscal para o país e a reforma das aposentadorias.
Também querem que a Grécia melhore a administração fiscal, com a criação de uma estrutura independente, reforce a estabilidade do sistema financeiro, adote reformas estruturais e modernize o setor público, enfrentando o problema da corrupção.
"No conjunto, as concessões feitas e a flexibilidade demonstrada já são importantes", afirmou Annika Breidthardt, ao recordar a posição das instituições credoras na negociação com a Grécia e destacando que o esforço não deve ser de apenas uma parte.
As negociações entre a Grécia e os credores parecem à beira da ruptura, depois que as duas partes não chegaram a um acordo no domingo sobre a ampliação do financiamento ao país.
Apesar do fracasso, o porta-voz do governo afirmou nesta segunda-feira que a Grécia não considera que as negociações com os credores do país estejam em um beco sem saída.
"Não queremos falar de beco sem saída", disse Gabriel Sakellaridis à imprensa.
"O governo tem por único projeto um acordo" com os credores, o FMI e a União Europeia, acrescentou.
Horas antes, Martin Jager, porta-voz do ministério alemão das Finanças, havia declarado que "a bola está no campo da Grécia".
Atenas deve pagar este mês ao FMI 1,6 bilhão de euros e existem muitas dúvidas sobre a capacidade do país para cumprir o vencimento.
A Grécia e seus credores negociam o desembolso da última parcela de ajuda prometida a Atenas, de 7,2 bilhões de euros, em troca de um programa de reformas.
"Há um risco certo de saída (da Grécia da zona do euro) que não seria bom para a Europa e, é claro, seria péssimo para o povo grego", afirmou José Manuel García-Margallo, ministro das Relações Exteriores da Espanha, segundo um porta-voz.
"Ele insiste que isso é um clube no qual são estabelecidas uma série de regras e quem não cumpre estas regras corre o risco de sair do clube", acrescentou o porta-voz.