O papa Francisco pediu nesta quarta-feira aos católicos que recebam com a mente aberta sua encíclica sobre o meio ambiente que será publicada na quinta-feira, um chamado à responsabilidade ante a destruição do planeta.
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"Amanhã, como sabem, será publicada a encíclica sobre a proteção de nossa 'casa comum' (...) Esta nossa casa está sendo destruída e nós estamos sendo destruídos, sobretudo os pobres", disse o pontífice durante a tradicional audiência geral de quarta-feira na Praça de São Pedro.
"Meu chamado é um chamado à responsabilidade, baseado no dever que Deus concedeu ao ser humano com o que criou: cultivar e proteger o jardim".
"Eu os convido a receber com mente aberta este documento, que está de acordo com a doutrina social da Igreja", completou.
A encíclica, com o título "Laudato si" e quase 200 páginas, é considerada a primeira que pode ser atribuída completamente ao pontífice argentino, já que a anterior foi escrita a quatro mãos com Bento XVI.
O texto, que será apresentado oficialmente na quinta-feira no Vaticano, está sob um rígido embargo, mas já teve trechos antecipados pela imprensa italiana.
O vazamento poucos dias antes da divulgação irritou o Vaticano, que suspendeu a credencial por tempo indeterminado do responsável por antecipar o texto, o vaticanista Sandro Magister da revista L'Espresso.
A antecipação à imprensa de um texto tão importante, que aborda um dos argumentos mais apreciados pelo papa argentino e que também condena o consumismo e o capitalismo selvagem, é considerada um ataque direto a Francisco por parte de setores conservadores, que querem debilitar sua figura, de acordo com o vaticanista Giacomo Galeazzi, do jornal La Stampa.
A encíclica "verde" de Francisco pede a "conversão ecológica" com o princípio de 'Ama ao planeta como a ti mesmo'.
Medidas contra a migração forçada
Na mesma audiência, o pontífice fez um apelo à comunidade internacional para que adote medidas "eficazes e harmônicas" para prevenir as migrações forçadas.
Atualmente, Itália e França enfrentam um momento delicado sobre a maneira de encarar a onda de imigrantes que fogem dos conflitos e da fome no Oriente Médio e na África.
"Oremos pelos numerosos irmãos e irmãs que buscam refúgio longe de sua terra, que buscam uma casa para viver sem medo, para que sejam respeitados sempre com dignidade", disse Francisco, filho de italianos que emigraram para a Argentina.
"Felicito a todos os que ajudam apelo à comunidade internacional para que atue de maneira mais eficaz e harmoniosa para prevenir as migrações forçadas", completou.
O papa também convidou os quase 30.000 peregrinos na Praça de São Pedro a rezar pelas "instituições que rejeitam os emigrantes, para que obtenham o perdão de Deus".
Centenas de emigrantes estão retidos na fronteira entre Itália e França, depois que o governo francês decidiu estabelecer controles rígidos em sua fronteira e proibir a entrada daqueles que não têm um visto de permanência na União Europeia.
Suíça e Áustria também retomaram os controles na fronteira com a Itália.