Islamismo

Mês sagrado do Ramadã tem um início sangrento no Iêmen

Os fiéis respeitam esta tradição no mundo inteiro, mas este ano no Iêmen, o ambiente é menos festivo que o habitual

Da AFP
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Da AFP
Publicado em 18/06/2015 às 14:29
Foto: SALEH AL-OBEIDI / AFP
Os fiéis respeitam esta tradição no mundo inteiro, mas este ano no Iêmen, o ambiente é menos festivo que o habitual - FOTO: Foto: SALEH AL-OBEIDI / AFP
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O grupo radical Estado Islâmico (EI) reivindicou uma série de atentados cometidos contra xiitas no início do mês do mês sagrado do Ramadã no Iêmen, onde a situação humanitária tem piorado a cada dia, sobretudo em Áden (sul).

Na capital Sanaa, ao menos 31 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas quarta-feira à noite em cinco atentados simultâneos, a poucas horas do início do mês de jejum muçulmano.

Os fiéis respeitam esta tradição no mundo inteiro, mas este ano no Iêmen, o ambiente é menos festivo que o habitual, após meses de combates e bombardeios.

"É  a primeira vez que não nos sentimos felizes no começo do Ramadã", declarou um habitante de Áden, Abdel Rahman Anis.

Os grupos extremistas aproveitam o Ramadã para intensificar a jihad (ou guerra santa) e não hesitam em multiplicar seus ataques. O EI reivindicou os atentados de Saana, controlada pelos rebeldes xiitas huthis.

Cinco carros-bomba foram usados na ofensiva em Sanaa. Dois deles explodiram na entrada de mesquitas, e um terceiro teve como alvo a casa do chefe do comitê político dos rebeldes huthis, Saleh al Sammad. Outros dois carros também foram detonados perto de duas mesquitas, no momento em que os fiéis entravam para orar à noite.

As mesquitas atingidas as de Al-Hachuch, Al-Kibissi, Al-Tayssir e Al-Quba al-Khadra, segundo testemunhas e fontes de segurança consultadas pela AFP.

Em março, a mesquita Al-Hachuch já havia sido atacada pelo EI, grupo extremista sunita que atua em vários países árabes, especialmente no Iraque e na Síria. 

 

Dengue em Áden

Os ataques ocorreram enquanto, em Genebra, a ONU realizava uma mesa de diálogo para tentar convencer as partes em conflito, os rebeldes e o governo iemenita no exílio na Arábia Saudita, para que iniciem negociações.

Segundo a ONU, o conflito deixou 2.600 mortos no Iêmen desde março, quando uma coalizão árabe liderada por Riad iniciou uma campanha de ataques aéreos para deter os rebeldes huthis e seus aliados, militares leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh. É catastrófica a situação humanitária neste país pobre da península arábica.

Os ataques aéreos não conseguiram conter o avanço dos rebeldes, que, além de Sanaa, controlam uma grande área de Áden, segunda maior cidade do país, assim como amplas porções de outras províncias.

Em Áden, "os produtos alimentícios são escassos, e seus preços triplicaram. As estantes dos supermercados estão vazias", segundo o funcionário de um jornal local.

As equipes médias não conseguem tratar as pessoas que contraíram doenças como a malária, febre tifoide e dengue, que apareceram após a deterioração das condições sanitárias na cidade.

"Recebemos todos os dias entre 90 e 100 pacientes com dengue", indica Marwan Marwa, médico clínico do hospital de  Al-Breihi. "Só podemos diagnosticar a doença e morrem todos os dias entre 10 e 15 pessoas."

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