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Grécia pressiona Merkel antes de reunião na segunda-feira

País deve pagar 1,5 bilhão de euros ao FMI

Da AFP
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Publicado em 20/06/2015 às 16:28
Foto: Thierry Charlier/AFP
País deve pagar 1,5 bilhão de euros ao FMI - FOTO: Foto: Thierry Charlier/AFP
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O ministro da Fazenda grego, Yanis Varoufakis, estima que a chanceler alemã Angela Merkel se verá diante de "uma escolha decisiva" na segunda-feira (22), durante a reunião de cúpula sobre a Grécia - quando deve apresentar novas propostas para um acordo com credores. Os líderes europeus dizem que a bola está no campo de Atenas antes desta reunião crucial em Bruxelas, mas Varoufakis pressionou a líder alemã, na linha de frente das negociações, a assumir suas responsabilidades. 

Merkel pode "entrar em um acordo honroso com um governo que recusou o 'programa de resgate' e aspira a uma solução negociada. Ou ceder às tentações de seu governo, que a encoraja a lançar ao mar o único governo grego fiel a seus princípios e que pode levar o povo grego ao caminho da reforma", escreveu Varoufakis em um artigo que será publicado no domingo no jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung. 

Os líderes europeus teriam pedido que Atenas fizesse novas propostas antes da cúpula, e a Grécia deu a entender neste sábado que o governo poderia modificar a oferta. O governo de Alexis Tsipras considera já ter feito muitas concessões. 

O ministro de Estado grego, Alekos Flamburaris, mencionou várias opções para poupar centenas de milhões de euros adicionais: acelerar o fim das pré-aposentadorias, uma ideia que o governo parece que aceitou, e a redução do nível de impostos sobre os lucros das empresas.

"Vamos apresentar medidas que cobrem a diferença (entre as estimativas dos credores e as da Grécia a respeito das necessidades financeiras do país)", disse o ministro em uma entrevista ao canal Mega. "Mas vocês verão que não aceitarão a flexibilização orçamentária, nem nossa proposta sobre a dívida", completou. 

Os dois pontos são as condições fixadas por Atenas para assinar um acordo com os credores - União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - e que estes últimos liberem a quantia de 7,2 bilhões de euros, a última parcela do segundo resgate financeiro ao país. Tsipras volta a Atenas neste sábado, após uma viagem a Rússia, que ele manteve na agenda apesar da turbulência a respeito de seu país e das advertências de Bruxelas e Washington. 

Domingo está previsto para às 11h (6h de Brasília) um conselho de ministros. Uma eventual entrevista por telefone entre Tsipras e o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker não foi confirmada, embora ela tenha sido anunciada na sexta-feira para este fim de semana.

Diante de uma situação "crítica", o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, fez um apelo na sexta-feira para que a Grécia alcance um acordo com os credores e evite um default (suspensão de pagamentos). O governo dos Estados Unidos também pediu um compromisso urgente sobre um programa de reformas confiáveis. 

A reunião de segunda-feira será uma das últimas oportunidades para encontrar um acordo até 30 de junho, data em que a Grécia deve pagar 1,5 bilhão de euros ao FMI para evitar um default de consequências imprevisíveis, que poderia provocar a saída do país da zona do euro.

Até mesmo o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, um dos mais persistente na rejeição de uma "Grexit" evocou esta possibilidade no FAZ de domingo.

 

"Silêncio ensurdecedor"

A situação preocupa os correntistas, que nos últimos dias intensificaram os saques nos bancos gregos, obrigando o BCE a elevar o teto de financiamento de emergência para os bancos gregos pela segunda vez em uma semana. 

Tsipras, que nunca escondeu a intenção de negociar o acordo diretamente entre chefes de Estado e de Governo, e não entre equipes técnicas, deverá convencer os sócios na reunião extraordinária de segunda-feira. 

Muitas autoridades europeias alertaram que a reunião não terá resultado se a Grécia não apresentar novas propostas, depois do fracasso de um encontro do Eurogrupo na quinta-feira. 

"Precisamos de uma forma de proposta sobre a mesa para a reunião", afirmou o ministro finlandês Alexander Stubb, que repetiu que "a bola está do lado da Grécia". Merkel seguiu a mesma linha ao destacar que a reunião será apenas "consultiva se não existir base para um acordo", com novas concessões de Atenas.

A Grécia, que considera já ter feito muitos sacrifícios e que acredita ter apresentado uma lista coerente de propostas com reduções de gastos, aumento de arrecadação e reformas estruturais, não esconde a decepção com o pouco interesse demonstrado pelos interlocutores com suas medidas. 

Varoufakis deixou isto claro ao descrever a reunião do Eurogrupo de quinta-feira. "Minha apresentação foi recebida com um silêncio ensurdecedor. Todas as demais intervenções ignoraram nossas propostas e reiteraram a frustração dos ministros sobre o fato de que a Grécia não tinha (...) nenhuma proposta", escreve em um artigo publicado pelo jornal Irish Times. 

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