Israel condenou a parcialidade da Organização das Nações Unidas (ONU) enquanto o movimento islâmico Hamas elogiou a publicação do relatório em que se conclui que ambas as partes cometeram crimes de guerra durante o conflito de 2014 na Faixa de Gaza.
Em uma reação ao documento, o governo israelense atacou a parcialidade do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, dizendo que o ministério de Relações Exteriores vai analisar as conclusões do relatório “encomendado por uma instituição notoriamente parcial e que obteve um mandato abertamente parcial”.
A Comissão de Inquérito sobre o conflito de Gaza em 2014 anunciou nesta segunda-feira (22) ter reunido provas confiáveis de que as duas partes cometeram crimes de guerra durante o conflito que provocou a morte de 2.140 palestinos, na maioria civis, e de 73 pessoas no lado israelense, na maioria soldados.
“Todo o mundo sabe que as motivações políticas e as derrotas morais determinaram, desde o início, a integridade do processo que conduziu à elaboração deste relatório”, acrescentou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores israelense, Emmanuel Nahshon.
“É lamentável que o relatório não reconheça a profunda diferença entre o comportamento moral de Israel durante a operação Margem de Proteção e as organizações terroristas que enfrentaram”, prosseguiu.
Por outro lado, o Hamas saudou o relatório, considerando que a ONU condenou "o ocupante sionista pelos seus crimes de guerra durante a última agressão contra Gaza”, declarou Fawzy Barhum, um porta-voz do movimento islamita, no poder na Faixa de Gaza.
Em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, um responsável oficial da Organização pela Libertação da Palestina considerou que o relatório reforça a vontade do Hamas de se dirigir ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
Os palestinos estão tentando desencadear um processo criminal contra Israel no TPI, no âmbito de uma ofensiva diplomática generalizada junto de diversos organismos internacionais.
Margem de Proteção foi a designação da ofensiva desencadeada pelo Exército israelense em 8 de julho de 2014 na Faixa de Gaza que se prolongou até 26 de agosto.
Ainda em uma reação à publicação do relatório, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu tinha assegurado previamente que Israel “não comete crimes de guerra”, limitando a defender-se de uma “organização terrorista que apela à sua destruição”.