O Irã e as potências devem prorrogar as negociações pelo acordo permanente sobre o programa nuclear iraniano além desta terça-feira (30), quando termina o prazo acertado pelos dois lados.
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O acordo é visto como uma forma de diminuir a suspeita do grupo 5+1 -EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha- de que o Irã quer desenvolver uma bomba atômica. Teerã nega a acusação.
Membros das delegações dizem que ainda faltam detalhes a serem definidos antes da assinatura do pacto final. Dentre eles, estão as condições para o fim das sanções econômicas e as inspeções às instalações nucleares.
Negociadores do governo americano afirmaram às agências de notícias AFP e Efe que sua delegação defende o acesso dos inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) às usinas atômicas consideradas suspeitas.
Desde que começaram a ser investigadas, as autoridades iranianas sempre impediram as visitas dos observadores. Os membros da delegação, no entanto, não deram detalhes sobre a opinião de Teerã sobre a proposta.
Na véspera do fim do prazo, a maioria dos negociadores voltou a seus países para consultas. Só o secretário de Estado americano, John Kerry, continua em Viena, onde ocorre o diálogo.
Ele não deu nenhuma sinalização sobre o adiamento das negociações. "Estamos trabalhando e ainda é muito cedo para fazer qualquer julgamento", disse.
Em Nova York, o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse que os iranianos se preocupavam principalmente com o prazo para dar fim às sanções econômicas dos Estados Unidos e da União Europeia.
As autoridades iranianas ainda não se pronunciaram sobre as negociações. O chefe da delegação de Teerã, Mohammad Javad Zarif, foi a seu país para fazer consultas e voltará a Viena na terça-feira.
ISRAEL
Os diálogos finais para o acordo foram retomados no sábado (27) em Viena. No dia seguinte, o principal opositor ao acordo, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, acusou as potências de ceder ao Irã.
"Vemos diante de nossos olhos uma forte retração dos limites que as potências mesmas colocaram recentemente. Não há razão para assinar de forma apressada este acordo ruim, que fica pior a cada dia."
Membros da delegação americana consideraram a declaração absurda e dizem que não teriam levado quase dois anos negociando. O chefe de governo israelense foi um dos principais críticos do acordo preliminar, anunciado em abril.
Pelo acordo, o Irã deve reduzir consideravelmente o número de suas centrífugas, que servem para transformar o urânio, e limitar o enriquecimento a 3,67%, suficiente para geração de energia.
Enriquecido a 90%, o material é utilizado para a fabricação de bombas. Dessa forma, Teerã suspenderá por ao menos 15 meses o enriquecimento de urânio na usina subterrânea de Fordo.
Sobre as sanções, os países ocidentais desejam um levantamento progressivo da punição, de acordo com uma verificação dos compromissos do Irã pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).