O conflito e a crise humanitária na Síria colocam um número cada vez mais significativo de crianças para trabalhar em condições difíceis de sobrevivência. O alerta foi feito nesta quinta-feira (2) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela organização não governamental (ONG) Save The Children.
“A crise na Síria reduziu consideravelmente os meios de subsistência das pessoas e empobreceu milhões de famílias na região, o que faz com que o trabalho das crianças atinja níveis críticos”, lamentou Roger Hearn, diretor regional da Save The Children.
Ele também adiantou que “as crianças trabalham principalmente para sobreviver" e que "isso acontece na Síria e nos países vizinhos, onde são os principais atores econômicos”.
Segundo um relatório divulgado em Amã, as crianças na Síria contribuem para o orçamento familiar em três quartos das famílias recenseadas, enquanto na Jordânia “quase metade dos filhos de refugiados são o principal sustento da família”.
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As crianças mais vulneráveis são as que que trabalham em “exploração sexual e atividades ilícitas, bem como na mendicância organizada e no tráfico de menores”, acrescenta a mesma fonte.
“O trabalho infantil prejudica o crescimento e o desenvolvimento”, sublinhou Peter Salama, diretor regional do Unicef para o Médio Oriente e África do Norte, acrescentando que as crianças trabalham “durante longas horas”, com um pequeno salário, “em ambientes extremamente perigosos e insalubres”.
De acordo com o relatório, no vasto campo de refugiados de Zaatari, no norte da Jordânia, três em cada quatro crianças registram problemas de saúde no trabalho. Além disso, as crianças que trabalham estão “mais suscetíveis a abandonar a escola”, aumentando os receios de “uma geração perdida”.
Mais de 230 mil pessoas morreram desde o início do conflito na Síria, há quatro anos, e metade da população abandonou seus lares em busca de refúgio.