Repercussão

Alemanha rejeita pedido da Grécia de novo resgate após o 'Não' no referendo

Objetivo é de evitar a saída do país helênico da Eurozona

Da AFP
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Publicado em 06/07/2015 às 16:15
Foto: BERTRAND GUAY / AFP
Objetivo é de evitar a saída do país helênico da Eurozona - FOTO: Foto: BERTRAND GUAY / AFP
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A Alemanha rejeitou nesta segunda-feira (6) as demandas da Grécia para negociar outro pacote de ajuda financeira a fim de evitar sua saída da Eurozona depois da vitória esmagadora do "Não" à austeridade exigida pelos credores no referendo do último domingo (5). 

Euclides Tsakalotos, atual coordenador da equipe negociadora grega, foi nomeado ministro da Economia, e, substituindo Yanis Varoufakis, que pediu demissão nesta segunda-feira para facilitar as negociações com os credores internacionais.

Para Berlim, "não se trata de pessoas, mas de posições", disse Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel.

"Depende da Grécia, se quiser continuar na Eurozona", disse. "Esperamos ver as propostas do governo grego a seus sócios europeus", acrescentou.

Uma fonte do governo grego disse que o primeiro-ministro Alexis Tsipras e a chanceler alemã teriam "acordado" em uma conversa telefônica nesta segunda-feira que Atenas apresentará suas propostas na reunião de cúpula convocada de urgência para esta terça-feira em Bruxelas.

 

"Dispostos a ajudar"

A dureza das declarações de Berlim contrastam com o tom conciliador de França, Itália e Espanha.

O chefe do governo italiano, Matteo Renzi, disse em sua conta no Facebook que a Europa "precisa falar não só de austeridade e equilíbrio orçamentário, mas de crescimento, infraestruturas", enquanto a Espanha está aberta a novas negociações sobre um novo plano de ajuda à Grécia.

Embora na última terça-feira a Grécia não tenha conseguido pagar o empréstimo de 1,5 bilhão de euros ao FMI, a diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, garantiu que a instituição "monitora a situação" e está "disposta a ajudar a Grécia se for pedido".

A chanceler alemã se reuniu nesta segunda-feira em Paris com o presidente francês, François Hollande, para analisar as consequências do referendo grego, em que a recusa à austeridade prevaleceu, com 61% dos votos.

"A porta está aberta às discussões. É o governo (grego) que deve fazer propostas sérias", disse Hollande, após uma reunião no palácio do Eliseu com Merkel. 

"Esperamos agora propostas totalmente precisas do primeiro-ministro grego. É urgente ter essas propostas para que possamos encontrar uma saída à situação" atual, reiterou Merkel, acrescentando que "as condições prévias para entrar em novas negociações sobre um programa concreto de mecanismo europeu de estabilidade ainda não estão reunidas".

Enquanto os líderes da Eurozona analisam as consequências do voto grego, Tsipras também conversou com o presidente russo, Vladimir Putin por telefone.

Já a Casa Branca pediu nesta segunda-feira que os dirigentes da União Europeia e da Grécia cheguem a um acordo que permita ao  país continuar na zona do euro.

"O referendo passou, mas nossa posição continua sendo a mesma", explicou Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca, julgando que é de interesse das duas partes uma solução "que permita à Grécia continuar na zona do euro".

Após as comemorações pela vitória do "Não" nas ruas de Atenas na noite de domingo, os gregos sabem que sua saída do euro, a temida Grexit de consequências imprevisíveis tanto para a Europa como para a Grécia, não está excluída.

O risco mais iminente é que os bancos fiquem sem dinheiro e se prolongue o controle de capitais decretado há uma semana. As autoridades gregas estenderam o fechamento dos bancos até a quarta-feira, segundo a agência de imprensa ANA.

O Conselho de Governadores do Banco Central Europeu decidiu nesta segunda-feira manter a assistência de liquidez emergencial aos bancos gregos no mesmo nível fixado em 26 de junho, afirmou a instituição em comunicado.

O Conselho do BCE reuniu-se por teleconferência após a vitória do "Não" às medidas de austeridade no referendo grego realizado no último domingo. 

As bolsas fecharam em queda, mas as perdas foram reduzidas. Assim como o euro, que permaneceu praticamente inalterado desde sexta-feira, o que sugere que as consequências de uma eventual Grexit seriam limitadas.

 

"Grécia no limbo"

"A estabilidade do euro não está em jogo", disse à imprensa o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis. "Temos tudo o que precisamos para controlar a situação", acrescentou.

Os ministros da Economia de Alemanha e França se reuniram em Varsóvia, enquanto que o grupo de trabalho do Euro, que reúne autoridades do Tesouro, se encontra em Bruxelas.

Mais de dois terços dos gregos querem continuar na zona do euro, segundo as pesquisas, embora os analistas acreditem que as possibilidades de Grexit são "muito altas".

Holger Schmieding, analista do Banco Berenberg, alertou que "a Grécia está no limbo até novo aviso, deslizando para a Grexit a menos que Atenas mude de rumo", disse.

Tsipras insiste em que os credores devem finalmente aceitar a reestruturação da gigantesca dívida grega, de 240 bilhões de euros (267 bilhões de dólares).

O último plano de ajuda do FMI e da UE à Grécia venceu no dia 30 de junho, apesar do pedido de Tsipras para que fosse ampliado. O Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, que emprestou 144,6 bilhões de euros, declarou  na sexta-feira a moratória do país.

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