Os novos casos de contágio por HIV caíram mais de 35% desde 2000, mas ainda serão necessários 32 bilhões de dólares anuais (29 bilhões de euros) até 2020 para conseguir acabar com a aids até 2030, segundo as Nações Unidas.
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Em 2010, a ONU determinou oito grandes Objetivos do Milênio para 2015, entre eles combater o HIV/aids. Neste sentido, a luta da comunidade internacional contra esta doença conquistou sua meta, graças aos bilhões de dólares investidos, quase a metade deles pelos Estados Unidos.
O último informe da ONUAIDS, apresentado nesta terça-feira pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, na conferência internacional sobre financiamento para o desenvolvimento realizada em Adis Abeba, indica que as novas infecções por HIV/aids caíram 35,5% entre 2000 e 2014. Nos menores de idade, a queda alcança 58%.
E, outra boa notícia, os falecimentos vinculados à aids caíram 41% desde o pico de 2004. Em 2014, o número de mortos foi de 1,2 milhão de pessoas.
"O mundo alcançou o objetivo 6 (...) Se deteve e a epidemia caiu", afirmou Ban Ki-moon.
O relatório aponta que os esforços mobilizados também permitiram alcançar o objetivo fixado em 2011, que consiste em tratar com antirretrovirais 15 milhões de pessoas em 2015, contra um milhão em 2001.
Embora o número de pessoas vivendo com HIV/aids siga aumentando - 36,9 milhões em 2014, em alta de 700.000 pessoas em relação ao ano anterior -, isso se deve ao fato de atualmente ser possível envelhecer com esta doença graças ao êxito das terapias antirretrovirais, mais eficazes e de acesso mais fácil.
"Colocar fim à epidemia de aids (...) antes de 2030 é ambicioso, mas realista", estimou Ban Ki-moon.
No entanto, "devemos realizar esforços, ao nível máximo, nos próximos cinco anos", advertiu a ONU, que pede um investimento de quase 32 bilhões de dólares anuais até 2020, contra os 21,7 bilhões de 2015.
Para conseguir terminar com a epidemia, a ONU fixou objetivos intermediários para 2020 através da fórmula "90-90-90": 90% das pessoas infectadas com o HIV devem saber (contra a metade atual), 90% das pessoas infectadas devem seguir um tratamento, e 90% das que recebem um tratamento devem alcançar uma carga viral indetectável.
Vacina para a próxima década
Graças aos fundos, as Nações Unidas esperam especialmente facilitar o acesso aos tratamentos em todo o mundo e pedem uma queda dos preços das matérias primas utilizadas na fabricação de antirretrovirais, ao mesmo tempo em que lamentam que apenas duas empresas dividam 71% do mercado destes medicamentos.
Os especialistas pedem a intensificação dos esforços para desenvolver estratégias de prevenção, entre elas a distribuição de preservativos, a eliminação da transmissão mãe-filho, a ampliação de serviços para usuários de drogas ou, inclusive, a erradicação da vilência contra as mulheres.
O informe critica que, em 2014, 76 países ainda criminalizassem as relações entre pessoas do mesmo sexo e outros 116 países os trabalhadores do sexo.
As Nações Unidas contam com a chegada de uma vacina na próxima década, explicou Michel Sidibé, diretor executivo da ONUAIDS.
A África subsaariana se mantém como a região mais afetada, com 70% dos casos e 25,8 milhões de pessoas vivendo com HIV/aids no ano passado. Três países registraram mais da metade das novas infecções na região em 2014: Nigéria, África do Sul e Uganda.
Na América Latina, em torno de 1,7 milhão de pessoas viviam com HIV em 2014, das quais 87.000 o contraíram neste ano.
No entanto, as novas infecções caíram 13% entre 2000 e 2014. Além disso, as mortes relacionadas à Aids na região caíram 29% no mesmo período.
Quanto ao Caribe, a ONUAIDS estima que 280.000 pessoas viviam com o HIV em 2014.
A queda nas novas infecções pelo HIV nesta região foi considerável: 52% entre 2000 e 2014. Neste sentido, Cuba pode se orgulhar de ser o único país do mundo que conseguiu a eliminação da transmissão do vírus mãe-filho.
Também neste período, o número de mortes relacionadas à aids na região caiu a menos da metade.