Plutão foi por muito tempo um ponto turvo para os terráqueos, mas uma nave espacial da Nasa conseguiu fornecer nesta quarta-feira (15) as primeiras imagens de alta resolução do distante planeta anão após uma histórica missão de aproximação.
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A sonda não tripulada New Horizons passou a maior parte de terça-feira tirando fotografias e recolhendo dados de Plutão, quando passou apenas a 12,430 quilômetros da superfície após uma viagem de nove anos e 5 bilhões de quilômetros.
Estas imagens, que incluem dados coloridos do planeta anão e algumas de suas cinco luas, têm dez vezes mais detalhes do que se tinha até agora.
"Estamos enviando os primeiros dados para o computador 'lá embaixo'", escreveu a equipe da New Horizons no Twitter na manhã de quarta referindo-se a Canberra, Austrália, onde uma antena espacial começou a receber informações da nave.
Uma coletiva de imprensa foi concedida às 16h (Brasília), com os resultados sendo divulgados.
É a primeira vez, desde a missão Voyager 2 da Nasa que tocou Netuno em 1989, que uma nave visita um sistema planetário.
E Plutão, que foi considerado durante muito tempo o planeta mais distante do sol até ser reclassificado como planeta anão em 2006, nunca havia sido explorado.
O clímax da missão New Horizons ocorreu na terça-feira às 8h40, quando a nave de 700 milhões de dólares do tamanho de um piano se aproximou da superfície de Plutão como o planejado: a mesma distância que separa Nova York de Mumbai, na Índia.
Mas as informações obtidas pelo sonda estão apenas começando a chegar à Terra.
O investigador principal da missão, Alan Stern, disse que os cientistas esperam "uma avalanche de dados de 16 meses", que é o tempo que vai demorar para obter todas as informações.
- Corações e crateras -
A nave é propulsionada por energia nuclear e está equipada com sete instrumentos científicos para coletar dados sobre a geologia de Plutão e sua atmosfera.
O que se sabe até agora sobre Plutão provavelmente caberia em um par de páginas, disse Stern. Mas com os dados que serão enviados pela New Horizons, se tudo correr bem, será possível escrever textos inteiros sobre este misterioso corpo celeste.
Por enquanto, a missão pioneira da Nasa conseguiu confirmar a existência de uma camada de gelo polar em Plutão e descobriu nitrogênio escapando de sua atmosfera. Até agora, uma série de fotos da sonda revelou que o planeta anão tem uma superfície cheia de curiosidades: de uma imagem escura com forma de baleia até uma silhueta clara e brilhante que se parece com um coração.
"Mas ainda não sabemos exatamente o que é esta forma de coração", afirmou Cathy Olkin, pesquisadora-adjunta do projeto. "Nós observamos crateras na superfície e teremos imagens de alta resolução da região".
Também descobriram que Plutão é um pouco maior do que se pensava: o planeta tem um raio de 1.185 quilômetros.
As imagens enviadas pela sonda até agora são mil vezes mais detalhadas do que pode ser alcançado mesmo com os melhores telescópios na Terra.
"Em 24 horas, a qualidade da resolução de nossas imagens vai passar de 15 quilômetros por pixel, para menos de 100 metros por pixel", afirmou Cathy Olkin, pesquisadora-adjunta do projeto. "Veremos quão altas são as montanhas e quão baixos são os vales".
De acordo com John Grunsfeld, administrador adjunto da missão científica da Nasa, conhecer detalhes sobre Plutão tem captado a atenção do público porque revela notícias sobre a origem da Terra e gera mais perguntas, como, por exemplo, se a vida extraterrestre é possível.
"O sistema de Plutão é um fóssil dos primórdios do sistema solar", disse Grunsfeld. "Agora sabemos de onde viemos (...) Isto abre um novo campo na exploração".