Um homem solitário de 59 anos, sem emprego e sem residência fixa, abriu fogo na quinta-feira (24) em um cinema de Lafayette, Louisiana, no sul dos Estados Unidos, deixando dois mortos e nove feridos antes de se suicidar ao ser cercado pela polícia.
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O chefe de polícia de Lafayette, Jim Craft, disse que o criminoso - identificado como John Russel Houser, de 59 anos - tinha a intenção de fugir, mas, ao ser cercado pela polícia, voltou ao cinema e se suicidou.
"Aparentemente sua intenção era disparar e depois fugir", disse o chefe policial em uma coletiva de imprensa.
"O que ocorreu é que a rápida resposta dos agentes e da lei o obrigaram a retornar ao cinema e ele se suicidou com um tiro", acrescentou.
Craft indicou que Houser realizou ao menos treze séries de disparos com uma arma semiautomática no cinema, onde 100 espectadores assistiam ao filme "Descompensada", deixando dois mortos e nove feridos.
Além disso, a polícia identificou as vítimas fatais como duas mulheres brancas, Mayci Breaux (21 anos), que morreu no local, e Jillian Johnson (33 anos), que faleceu no hospital.
Dos nove feridos, sete permanecem hospitalizados, um em estado crítico.
Uma espécie de vagabundo
Craft disse que Houser era originário do Alabama, que estava em Lafayette desde o início do mês e que se hospedava em um motel desta cidade de 125.000 habitantes, onde a polícia encontrou uma coleção de óculos e perucas.
Também indicou que Houser havia mudado as placas de seu carro, que estava estacionado perto do cinema.
Disse que o criminoso "não trabalhava com nada e não estava vinculado a nenhuma pessoa", e convocou qualquer pessoa que possa fornecer informação a se apresentar às autoridades.
"Por que veio para cá? Não sabemos. Era uma espécie de vagabundo", disse o chefe de polícia da Louisiana, Michael Edmonson, na mesma coletiva de imprensa.
O perfil de Houser do LinkedIn mostra uma carreira variada, com experiência em gestão de investimentos, imóveis e proprietário de um bar.
Craft disse que entre as pistas que os investigadores seguem há uma de ação "por imitação".
Um júri do estado do Colorado delibera atualmente sobre se condenará à morte um jovem que admitiu sua culpa no assassinato de 12 pessoas durante um ataque a tiros em um cinema da localidade de Aurora em julho de 2012.
Ataque ao acaso
O governador da Louisiana, Bobby Jindal, disse que não parecia que as vítimas tivessem sido selecionadas e que os habitantes de Lafayette estavam assimilando este "ato de violência ao acaso".
"Nunca há uma boa explicação. Neste caso, a explicação terá menos sentido que em outros", indicou o governador.
Os testemunhos sobre o incidente relatam cenas de pânico no cinema, onde os tiros começaram meia hora após o início da projeção do filme.
"Foi uma loucura, um caos por toda parte", disse à CNN Jacob Broussard, que assistia a um filme quando a sirene de alarme soou e as luzes da sala se acenderam.
Uma voz dos alto-falantes pedia que as pessoas deixassem o prédio o mais rápido possível. Quando saiu da sala, Broussard ouviu três disparos. Viu uma mulher sangrando em uma perna e soube que algo horrível havia ocorrido.
Jindal se reuniu com algumas das vítimas e elogiou seu heroísmo.
Comentou que uma professora se lançou diante de sua amiga, também docente, para protegê-la das balas. A amiga foi atingida por um tiro na perna, mas teve o sangue frio para ativar um alarme de incêndio e prevenir outras pessoas sobre o perigo.
Controle de armas, um velho debate
Jindal também disse que não era o momento de falar de controle de armas e que o foco deveria se centrar nas vítimas.
O episódio ocorreu uma semana após um tiroteio contra um centro de recrutamento militar em Chattanooga, Tennessee, deixar cinco mortos, além do atacante, que foi abatido pela polícia.
Também ocorreu num momento em que o presidente Barack Obama voltou a expressar sua frustração por não ter conseguido a aprovação no Congresso de uma lei de controle de armas de fogo, em uma entrevista transmitida na noite de quinta-feira pela rede britânica BBC.
"Se observarem o número de americanos mortos desde 11 de setembro pelo terrorismo, são menos de 100. Se observarem o número de pessoas mortas pela violência devido às armas de fogo, estão nas dezenas de milhares", afirmou Obama na ocasião.
"E não ter sido capazes de resolver este problema é angustiante para nós. Mas não é algo que eu tenha a intenção de deixar de trabalhar nos 18 meses que me restam" antes do fim do mandato, completou.