Diplomacia

John Kerry celebra em Hanói a 'reconciliação' de EUA e Vietnã

Secretário de Estado americano convocou o regime comunista a avançar em matéria de direitos humanos para reforçar os vínculos entre Washington e Hanói

Da AFP
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Publicado em 07/08/2015 às 8:00
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Secretário de Estado americano convocou o regime comunista a avançar em matéria de direitos humanos para reforçar os vínculos entre Washington e Hanói - FOTO: BRENDAN SMIALOWSKI / POOL / AFP
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O secretário de Estado americano, John Kerry, celebrou nesta sexta-feira no Vietnã a reconciliação entre estes dois países, que já foram inimigos, e convocou o regime comunista a avançar em matéria de direitos humanos para reforçar os vínculos entre Washington e Hanói.

Esta "viagem para a reconciliação entre nossos países é realmente uma das maiores histórias de nações que estavam em guerra e puderam encontrar um terreno de entendimento para construir uma nova relação", expressou Kerry ao se reunir com o presidente vietnamita, Truong Tan Sang. Os dois homens apertaram as mãos calorosamente no palácio presidencial, ante um busto gigante de bronze do herói da independência, Ho Chi Minh.

"Lembramos o caminho percorrido dos primeiros dias difíceis até hoje", quando Washington e Hanói se tornaram "muito bons, amigos muito próximos", respondeu o presidente Sang. Kerry, que se encontra na última fase de uma viagem por Oriente Médio e Ásia, viajou ao Vietnã para celebrar o 20º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países.

O chefe da diplomacia americana exigiu, no entanto, uma melhora na questão dos direitos humanos como condição para uma colaboração "mais profunda e duradoura" entre os dois países. Os Estados Unidos e o Vietnã travaram uma longa guerra que terminou em 1975 com milhões de mortos do lado vietnamita e dezenas de milhares de soldados americanos mortos, uma experiência traumática para os dois países.

"Só vocês podem decidir o caminho e a direção deste progresso. Mas estou certo de que vocês viram que os sócios mais próximos da América em todo o mundo são países que compartilham um compromisso com determinados valores", acrescentou Kerry. Grupos de defesa dos direitos humanos e governos ocidentais denunciam com frequência o país comunista por sua repressão da oposição política e pelas violações sistemáticas da liberdade religiosa.

Segundo estimativas de Washington, o número de presos políticos caiu, mas ainda há uma centena na prisão (em 2003 havia 160). Quando era senador, na década de 1980, Kerry trabalhou para normalizar as relações entre Washington e Hanói, até o levantamento do embargo econômico, em 1994, e foram estabelecidas relações diplomáticas um ano mais tarde.

Desde então, os números do comércio bilateral passaram de 450 milhões de dólares em 1995 a 36 bilhões (33 bilhões de euros) atualmente. Kerry, de 71 anos, serviu como comandante de um barco patrulha no Vietnã entre 1967 e 1979. Seu serviço lhe valeu inúmeras medalhas, mas também o transformou em um cético no que se refere ao intervencionismo militar.

O secretário de Estado também planeja se reunir com seu colega vietnamita, Pham Binh Minh, um momento que aproveitará para discutir as tensões no mar da China Meridional entre Pequim e seus vizinhos asiáticos, que dominaram as reuniões da Asean em Kuala Lumpur nesta semana.

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