O Banco Central da China desvalorizou nesta terça-feira (11) o iuane, que caiu quase 2% frente ao dólar, uma decisão com a qual as autoridades esperam reativar a segunda maior economia do mundo.
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Esta inesperada desvalorização visa a impulsionar as exportações e é a maior flutuação dos juros desde 2005, quando as autoridades criaram o atual sistema de cotação da moeda, também conhecida como renminbi ("moeda do povo").
O Banco Central colocou a taxa de referência diária em 6,2298 iuanes por dólar, frente ao nível de 6,1162 marcados no dia anterior, o que representa uma queda de 1,86%, a mais forte desde 2005 e o fim da aproximação do iuane da moeda americana.
Em consequência, o dólar era negociado na noite de terça-feira (hora local) a 6,3195 iuanes, frente aos 6,2096 na véspera.
Este câmbio ocorre em meio a especulações sobre a possibilidade de que a China esteja preparando uma ampliação da faixa de flutuação, dentro da qual poderá operar a moeda, 2% acima ou abaixo do juros de referência.
Pequim mantém um forte controle sobre a flutuação de sua moeda para evitar a entrada muito volátil de investidores que abandonam abruptamente o mercado, e podem representar riscos que impliquem perder o controle sobre a economia.
Isto deixou o iuane muito mais estável que outras moedas de grandes países emergentes. Uma ampliação da faixa em que a moeda pode operar a mais de 2% será uma mudança de grande magnitude.
De olho nas exportações
Por trás deste anúncio, também está a vontade de que a moeda seja incluída em uma cesta de divisas do Fundo Monetário Internacional.
"Um ajuste razoável no valor do iuane é bom para as exportações chinesas e também é bom para que o iuane seja admitido na cesta do FMI", afirmou Liu Dongmin, diretor de finanças internacionais da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
"Este é um passo maior para que o iuane seja liberalizado", acrescentou.
O governo do Estados Unidos argumenta há muito tempo que o iuene tem cotação a níveis inferiores aos do mercado para ajudar nas exportações chinesas.
"O valor da queda do iuane frente ao dólar vai pressionar os Estados Unidos, que querem que o iaune suba", afirma a professora da Universidade de Finanças de Xangai, Qin Huanmei.
Por sua parte, o Banco Central chinês evitou pronunciar expressamente a palavra desvalorização, explicando que estas mudanças são simplesmente uma nova forma de calcular a faixa de flutuação da moeda.
A economia chinesa cresceu, em 2014, 7,4%, o pior resultado em quase 25 anos, e este ano a desaceleração foi ainda mais forte, de 7% no primeiro semestre, apesar de as cifras estarem dentro das metas do governo.
Do lado do comércio, as exportações caíram 8,3% em julho em relação ao mesmo mês em 2014, a 195,1 bilhões de dólares.
Como reconhece Pequim, o encarecimento do iuane nos últimos meses frente ao euro e ao iene puniram duramente os intercâmbios do gigante asiático e, por isso, a desvalorização do renminbi será bem-vinda pelos exportadores chineses.
Segundo Tom Orlik, economista do gabinete Bloomberg Intelligence, uma desvalorização de 1% da taxa de câmbio real do renminbi pode incrementar em 1% as exportações do país.