Mais de 150 pessoas morreram afogadas em um rio ou executadas quando fugiam de homens armados que integram o grupo Boko Haram em uma localidade remota do nordeste da Nigéria, informaram testemunhas.
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"Homens armados do Boko Haram atacaram nosso vilarejo na quinta-feira, o que provocou a morte de pelo menos 150 pessoas. Muitas vítimas morreram afogadas no rio, quando tentavam escapar", disse à AFP um morador de Kukuwa-Gari, Bukar Tijjani.
Dezenas de membros do Boko Haram, que chegaram em motocicletas e em um carro, atacaram na quinta-feira passada a aldeia de Gari-Kukuwa, causando pânico entre as pessoas.
"Eles imediatamente abriram fogo, levando os moradores a fugir. Eles mataram várias pessoas, enquanto muitas outras que tentaram escapar pulando no rio se afogaram", relatou à AFP um outro morador, Modu Balumi.
"De acordo com nosso balanço mais recente, 150 pessoas foram mortas ou se afogaram durante este ataque. Os pistoleiros dispararam deliberadamente em um pescador que tentava resgatar os aldeões que estavam se afogando", relatou.
Ele acrescentou que os corpos de muitas vítimas foram encontrados por residentes a vários quilômetros da aldeia.
A notícia do ataque chega com grande atraso devido à destruição pelo Boko Haram das redes telefônicas da aldeia, localizada a cerca de 50 km de Damaturu, capital do estado de Yobe.
Uma autoridade do governo local confirmou o ataque, mas evocou um balanço de cerca de 50 mortos
A emboscada ocorreu durante a estação chuvosa nesta região. A maioria dos rios da Nigéria transbordaram e podem atingir uma velocidade perigosa.
A aldeia ainda tentava se recuperar de um outro ataque do Boko Haram, em 31 de julho, quando pelo menos 10 pessoas foram mortas por homens armados que incendiaram casas, depósitos de comida e gado.
O distrito de Gujba já foi alvo de numerosos ataques islamitas, e o Boko Haram chegou a assumir seu controle por vários meses, mas nenhuma violência havia sido relatada desde que o exército recuperou o controle da área, em março.
Em setembro de 2013, vários estudantes foram massacrados enquanto dormiam na universidade agrícola localizada nas imediações. Em fevereiro de 2014, várias dezenas de estudantes também foram executados em seus dormitórios em Buni Yadi, a principal cidade do distrito.
O Boko Haram, que jurou lealdade ao grupo jihadista Estado Islâmico, reivindicou a responsabilidade por ambos os ataques.
A insurgência do Boko Haram e sua repressão pelo exército mataram mais de 15.000 pessoas na Nigéria desde 2009, principalmente no norte, de maioria muçulmana.
Sob o mandato do antecessor do presidente Muhammadu Buhari, Goodluck Jonathan, o exército foi fortemente criticado por não ser capaz de conter a insurgência islâmica.
Buhari, que assumiu o governo em 29 de maio, tem como prioridade a luta contra os islamitas. Mas desde que chegou ao poder, uma nova onda de violência atingiu o nordeste da Nigéria, matando mais de 1.000 pessoas, de acordo com cálculos da AFP.
Mas as emboscadas e atentados suicidas, frequentemente praticados por mulheres, também se estenderam aos vizinhos Camarões e Chade.
Uma força multinacional de intervenção conjunta (MNJTF), à qual devem participar Nigéria, Níger, Chade, Camarões e Benin, foi criada para lutar contra o Boko Haram. Ela deve ter 8.700 homens e ser implantada em breve.