O dirigente norte-coreano Kim Jong-un ordenou nesta sexta-feira (21) às tropas do país que estejam preparadas para o combate na fronteira da península dividida, onde a tensão é grande depois de uma troca de tiros entre as duas coreias.
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As forças sul-coreanas já estavam em alerta máximo depois do ultimato feito na quinta-feira por Pyongyang: Seul tem até sábado para cessar a guerra de propaganda na fronteira ou ficará exposta a operações militares da Coreia do Norte.
Esta não é a primeira vez que Kim Jong-Un faz uso da retórica bélica. Em 2013, o jovem dirigente norte-coreano já havia declarado "estado de guerra".
Os dois países permanecem tecnicamente em guerra há 65 anos porque o confronto da península da Coreia (1950-53) acabou com um simples cessar-fogo, que nunca foi formalizado por um tratado de paz.
A poderosa Comissão Central Militar (CCM) da Coreia do Norte, presidida por Kim Jong-un, apoiou na quinta-feira o ultimato e projetos de "ataques de represálias e contra-ataque ao longo de toda a fronteira".
Segundo a agência oficial norte-coreana KCNA, o líder do regime comunista ordenou que as unidades do Exército Popular Coreano (EPC) mobilizadas na fronteira intercoreana fortemente militarizada permaneçam em "estado de guerra" a partir das 17H00 locais desta sexta-feira (5H30 de Brasília).
Ato impensado
Os comandantes do Estado-Maior da Coreia do Sul exigiram que o EPC que se abstenha de "qualquer ato impensado" e advertiram que não ficarão de braços cruzados em caso de nova provocação.
"Já vimos isto em várias ocasiões, o que não quer dizer que não é perigoso", comentou Yoo Ho-seo, professor de Estudos Norte-Coreanos na Universidade Coreana de Seul.
"Existe uma verdadeira possibilidade de que este confronto leve a uma espécie de enfrentamento armado", disse.
Os sul-coreanos estão acostumados com a retórica belicista do país vizinho.
Vestida com uniforme militar, a presidente sul-coreana Park Geun-Hye discursou para um grupo de comandantes do exército e disse que não vai tolerar nenhuma provocação da Coreia do Norte.
O último ataque direto contra o Sul aconteceu em dezembro de 2010, quando a Coreia do Norte bombardeou a ilha sul-coreana de Yeonpyeong, ação que matou dois soldados e dois civis sul-coreanos. Seul disparou obuses contra posições norte-coreanas, o que provocou o temor de um conflito generalizado.
Minas terrestres
Seul acusa Pyongyang de ter provocado um tiroteio na quinta-feira ao abrir fogo em direção a um dos alto-falantes da fronteira. Seul respondeu com "dezenas" de obuses de artilharia de 155 mm.
Quase todos os projéteis disparados pelos dois lados caíram em suas partes respectivas da zona desmilitarizada (DMZ), que tem dois quilômetros dos dois lados da fronteira.
Os tiroteios na fronteira são raros, principalmente, segundo os analistas, pelo perigo de uma escalada repentina.
A situação já estava tensa desde o início de agosto, quando dois soldados sul-coreanos ficaram mutilados na explosão de minas terrestres quando patrulhavam a DMZ.
Seul acusa o Norte de ter colocado as minas no local e respondeu com a retomada de uma guerra de propaganda na fronteira, com o uso pela primeira vez em 11 anos dos alto-falantes instalados na região.
O ministério sul-coreano da Unificação anunciou que o acesso à zona industrial intercoreana de Kaesong, situada na parte norte-coreana da fronteira, será limitado a certos sul-coreanos.
Kaesong tem 53.000 funcionários norte-coreanos em 120 empresas sul-coreanas e este anúncio parece uma ameaça dissimulada de fechar completamente a zona industrial, uma preciosa fonte de divisas para o Norte.
A Guarda Costeira sul-coreana explicou que os pescadores das ilhas fronteiriças receberam a ordem de permanecer em terra por tempo indeterminado.
Estados Unidos, União Europeia e ONU expressaram preocupação com a situação.