Os últimos dados sobre a elevação do nível do mar devido ao aquecimento global sugerem que é inevitável que aumente um metro nos próximos 100 ou 200 anos, advertiram nesta quarta-feira (26) cientistas da Nasa.
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Apesar da incerteza sobre a velocidade com que ocorrerá, pois se desconhece a rapidez com a qual as geleiras polares derretem, a informação obtida por instrumentos de satélites nos últimos anos mostra que os oceanos estão crescendo a um ritmo maior que no passado.
"Levando em conta o que sabemos agora de como os oceanos se expandem à medida que aquecem e como o gelo polar e as geleiras estão injetando água nos mares, é bastante seguro que teremos garantido um aumento de pelo menos um metro no nível do mar, talvez mais", disse Steve Nerem, líder da equipe da Nasa que estuda o fenômeno.
"O que não sabemos é se ocorrerá no próximo século ou mais adiante", declarou Nerem, da Universidade do Colorado Boulder.
A elevação das águas oceânicas terá um "severo impacto" no mundo inteiro, afirmou Michael Freullich, diretor do departamento de ciências da Terra da Nasa.
Estados americanos como a Flórida sofrem o risco de desaparecer, assim como grandes cidades do mundo, como Tóquio e Cingapura.
"Poderá eliminar por completo nações formadas por ilhas no Pacífico", alertou Freillich.
Degelo na maior velocidade
Já não restam dúvidas de que os litorais no mundo terão um aspecto muito diferente nas próximas décadas, afirmaram especialistas da agência espacial americana em uma teleconferência com jornalistas para informar os últimos dados sobre a elevação das águas do mar.
As últimas previsões foram feitas em 2013 pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, que estimou que os oceanos cresceriam entre 30 centímetros e um metro no final deste século.
Steve Nerem afirmou que a informação do satélite sugere que é mais provável que se alcance a maior cifra da previsão.
Os oceanos do mundo aumentaram em média cerca de 7,6 centímetros desde 1992, mas em algumas regiões o aumento foi de até 23 centímetros, segundo a Nasa.
Baseado em indícios de épocas anteriores, "um aumento de três metros do nível do mar em um século ou dois é possível, se as geleiras se derreterem rapidamente", alertou Tom Wagner, do programa da criosfera da agência espacial americana.
"Vemos evidências de que os gelos estão se despertando, mas necessitamos entendê-los melhor antes de poder dizer que nos encontramos em uma nova era de rápida perda de gelo", completou.
Eric Rignot, da Universidade da Califórnia Irvine disse que é lógico pensar que haverá uma aceleração do degelo à media em que aumenta a temperatura do planeta. E já está acontecendo.
"Não estamos falando de cenários do futuro", advertiu Rignot.
"Em nível pessoal, os novos dados coletados nos últimos anos me fazem estar mais preocupado do que antes pela deterioração do gelo", afirmou. "Creio que estamos um pouco mais preocupados pelo que está acontecendo".