Mais de 100 mil pedidos de asilo na Europa, que representa um quarto do total das solicitações registradas no primeiro semestre de 2015, são crianças do Oriente Médio, disse nesta sexta-feira (11) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Segundo a agência da ONU, nos primeiros seis meses do ano, 106 mil crianças pediram asilo à União Europeia, sendo a maioria da Síria, do Iraque e Afeganistão.
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Os números divulgados hoje pelo Unicef indicam aumento de 75% em relação ao registrado em 2014. “Todas estas crianças que já sofreram tudo o que é inimaginável têm o direito à proteção e à dignidade. Por isso, a União Europeia deve atuar o mais rapidamente possível”, disse o diretor regional do Unicef para o Oriente Médio, Peter Salama.
Salama lembra que o número considerável de pessoas que chegou esta ano à Europa (cerca de 400 mil refugiados) representa dez vezes menos do que atualmente os países vizinhos da Síria acolhem.
Para ele, a Síria está prestes a se transformar em um Estado falido, onde a sobrevivência é quase impossível e, por isso, mostra-se surpreendido com quem ainda questiona os civis que procuram refúgio no exterior.
De acordo com o Unicef, desde o início do conflito sírio, mais de 10 mil crianças cruzaram as fronteiras sem qualquer acompanhante. “As crianças não acompanhadas são o grupo mais vulnerável de todos os refugiados. É preciso estabelecer um programa de reunificação familiar com urgência”, acrescentou.
As crianças são vítimas de traficantes de seres humanos e estão expostas a altos níveis de violência e abusos durante os trajetos de refúgio. Salama sublinhou que atualmente 12 milhões de civis na Síria precisam de ajuda internacional para sobreviver, sendo que oito milhões são deslocados internos.
Vários grupos armados recrutam crianças a partir dos 8 anos de idade e “há dois milhões de crianças que não podem ir à escola. Dos que conseguem, cerca de 20% têm de cruzar uma linha de combate ativa”, disse Salama que concluiu: “Viver na Síria é viver no inferno”.
Diante da realidade que enfrentam, o diretor regional acredita que muitos dos deslocados internos vão começar a procurar o refúgio que merecem em outros países. A maioria dos que chegaram à Europa, nas últimas semanas, procedem diretamente da Síria.