A crise dos refugiados na Europa é apenas "a ponta do iceberg" de um sistema socioeconômico "mau e injusto", afirmou o papa Francisco em uma entrevista de rádio transmitida nesta segunda-feira (14).
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"Vemos estes refugiados, estas pobres pessoas que fogem da guerra e da fome, mas é apenas a ponta do iceberg. Por baixo está a causa, um sistema socioeconômico mau e injusto” disse o papa na entrevista concedida em 8 de setembro à rádio católica portuguesa Renascença.
"Ali onde se origina a fome é necessário criar fontes de trabalho e de investimento. Ali onde está a causa da guerra é preciso trabalhar para a paz", afirmou o pontífice, que recordou ser filho de imigrantes italianos que se mudaram para a Argentina.
Francisco reconheceu, no entanto, que os movimentos migratórios provocam problemas de segurança para os países europeus e que existe o "risco de infiltração".
"Hoje as condições de segurança territorial não são as mesmas que antes. Temos uma guerrilha terrorista extremamente cruel a 400 km da Sicília", disse, em referência às situação na Líbia, onde atuam vários grupos armados, entre eles o Estado Islâmico (EI).
No dia 6 de setembro, o papa solicitou a todas as comunidades católicas da Europa que recebam uma família de refugiados e disse que começaria pelas duas paróquias do Vaticano.
"Duas famílias já foram designadas", revelou Francisco à rádio Renascença, sem informar a origem, ao mesmo tempo que celebrou as "numerosas reações" a sua proposta.
O papa também confirmou a intenção de visitar Portugal em 2017, por ocasião do centenário das aparições no santuário de Fátima. Também recordou que o santuário de Nossa Senhora de Aparecida, no Brasil, celebrará o tricentenário em 2017.