O Pentágono confirmou nesta segunda-feira (14) as informações da inteligência de Israel sobre as recentes movimentações da Rússia em uma base militar na Síria e disse que as ações sugerem que Moscou teria o objetivo de operar aeronaves no local.
"Nós observamos a movimentação de pessoas e coisas que indicariam que eles [russos] planejam usar a base ali, ao sul de Latakia, como uma base aérea operacional", disse o porta-voz do Pentágono, capitão Jeff Davis, em uma coletiva de imprensa.
Além disso, duas autoridades americanas disseram nesta segunda à agência de notícias Reuters sob condição de anonimato que a Rússia teria posicionado sete tanques de guerra T-90 em na base síria.
O Pentágono não comentou as informações e disse que, até agora, Moscou não enviou aviões e artilharia de helicóptero para o país árabe.
Moscou tem se tornado alvo de pressões crescentes para explicar suas movimentações militares na Síria, onde o Kremlin estaria oferecendo apoio ao ditador Bashar al-Assad desde o início da guerra civil no país, há quatro anos e meio.
Na semana passada, o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yalon, disse a jornalistas que a Rússia estaria adotando "preparativos para operar aviões e helicópteros de combate" em uma base ao sul da cidade síria de Latakia, reduto de forças leais a Assad.
O chanceler russo, Serguei Lavrov, admitiu que aviões russos que levaram ajuda humanitária à Síria também transportavam "equipamentos militares, de acordo com os contratos existentes" com Damasco.
O Kremlin nega ter presença militar na Síria, mas diz estar disposto a dar um maior apoio ao regime de Assad. A Rússia é uma forte aliada do regime sírio desde o período soviético.
ESTADO ISLÂMICO
Tanto os Estados Unidos quanto a Rússia buscam enfraquecer a facção radical Estado Islâmico (EI), que ganhou espaço na Síria após o início da guerra civil.
Os EUA criticam o apoio de Moscou ao regime de Assad, acusado pelos americanos de patrocinar o terrorismo. Os americanos lideram uma campanha de ataques aéreos contra posições do EI, mas não colaboram diretamente com o Exército sírio.
No sábado (12), o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, disse não haver "alternativa ao governo sírio legítimo para garantir a segurança no país, combater o avanço do EI e assegurar a unidade [da Síria]".
A crescente atividade de Moscou na Síria aumenta os temores de que os EUA e a Rússia, potências antagônicas durante a Guerra Fria, voltem a se encontrar em campo de batalha.
A Síria mergulhou em uma violenta guerra civil em março de 2011, no contexto do levante popular conhecido como Primavera Árabe, após setores da população pegarem em armas para tentar derrubar o regime de Assad.
Desde então, o controle sobre o território do país está fragmentado entre forças leais a Assad e grupos insurgentes, como o EI, o Exército Livre da Síria e a frente al-Nusra, ligada à Al-Qaeda.
A guerra na Síria deixou ao menos 250 mil mortos e forçou mais da metade dos cerca de 20 milhões de habitantes desse país árabe a deixar suas casas. Alguns refugiados sírios buscam asilo na Europa, agravando a crise migratória que afeta esse continente.