Milhares de migrantes prosseguiam neste domingo (20) com a viagem para a Áustria e para o oeste e o norte da Europa, atravessando Croácia, Hungria e Eslovênia, que tentam impedir o grande fluxo, ao mesmo tempo em que uma nova tragédia marcou a fuga dos refugiados.
Leia Também
Treze pessoas morreram neste domingo, incluindo seis crianças, e várias são consideradas desaparecidas após a colisão na Turquia de uma balsa com um bote de migrantes que seguia para a Grécia, informou a agência de notícias Dogan.
O acidente aconteceu na costa de Canakkale, noroeste da Turquia.
Quarenta e seis refugiados estavam no bote que afundou no Mar Egeu, segundo a agência Dogan, que não revelou a nacionalidade das vítimas.
A Guarda Costeira conseguiu salvar 22 passageiros e continua procurando possíveis sobreviventes.
Nos últimos meses, muitos migrantes, em sua maioria sírios, tentaram viajar da Turquia para as ilhas gregas mais próximas, porta de entrada para a União Europeia (UE).
As condições de travessia do Mar Egeu são perigosas e os naufrágios frequentes.
No total, 274 migrantes morreram afogados desde o início do ano em águas turcas e 53.200 foram resgatados pela Guarda Costeira, segundo o governo.
Desde janeiro, quase 310.000 refugiados entraram no território da União Europeia através da Grécia, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Quase 2.800 pessoas morreram durante a travessia em naufrágios.
Neste domingo, a Marinha italiana resgatou 250 pessoas, enquanto na Líbia outras 215 foram salvas em alto-mar.
Fluxo incessante
Neste domingo, a Hungria reabriu a fronteira com a Sérvia no posto de Röszke, onde foram registrados confrontos entre a polícia e os migrantes na quarta-feira passada.
Em Nickelsdorf, cidade austríaca na fronteira com a Hungria, a polícia regional calculou em 4.700 os refugiados que chegaram durante a noite.
Eles serão levados para centros de recepção, que já abrigam mais de 10 mil migrantes que entraram no país no sábado (19).
De acordo com a Cruz Vermelha, outros 2 mil entraram na Alemanha, evitando os postos de fronteira.
A polícia austríaca informou que as autoridades húngaras transportaram os migrantes de ônibus para dois centros de registro próximos da fronteira.
Muitos prosseguiram imediatamente para a Áustria, sem encontrar resistência das autoridades húngaras.
Apesar dos anúncios do governo da Hungria, as cercas de alambrado ao longo da fronteira não foram concluídas, segundo correspondentes da AFP.
O fluxo de migrantes que entra na Croácia a partir da Sérvia continua sendo grande. Zagreb contabilizou 21.000 entradas desde quarta-feira e espera a manutenção da tendência.
Muitos passam pelo posto fronteiriço de Tovarnik, de onde são levados de trem e ônibus para a fronteira húngara, até as localidades de Beremend e Letenye.
Apesar das divergências entre Croácia e Hungria sobre os migrantes, a realidade na fronteira mostra um sistema particularmente eficaz de cooperação entre os países vizinhos.
No sábado à noite, por exemplo, na passagem croata-húngara de Baranjsko Petrovo Selo - Beremend, região nordeste da Croácia, 11 ônibus croatas transportaram 600 migrantes.
A passagem de um país para o outro seguia um protocolo bem ajustado: um ônibus croata parava na fronteira, os passageiros desciam e caminhavam até a Hungria, onde embarcavam em um ônibus húngaro que partia imediatamente.
Na manhã deste domingo, a chuva afetava a localidade de Beremend. Do lado croata não havia policiais nem ônibus, mas uma emissora de rádio informou que veículos serão enviados nas próximas horas.
Segundo a polícia, 4.906 refugiados entraram na Hungria no sábado, 166 procedentes da Sérvia e 4.740 da Croácia.
Neste domingo, 700 migrantes aguardavam para entrar na Eslovênia a partir da Croácia, em vários postos da fronteira.
Divisões na UE
O incessante fluxo migratório aumenta a pressão sobre a União Europeia (UE), que convocou uma reunião de cúpula para a próxima quarta-feira em Bruxelas para tentar superar as profundas divisões.
O comissário para a Ampliação da UE, Johannes Hahn, afirmou no sábado que a Europa deveria incentivar as pessoas que fogem na guerra na Síria a que permaneçam nos países vizinhos, com a entrega de ajuda. Ele propôs, em particular, a liberação de até um bilhão de euros para a Turquia, que já recebeu quase dois milhões de deslocados.